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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Série Yogaterapia - Osteofitose ( Prevenção e Cuidados )


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Osteofitose - Bico-de-Papagaio


Osteofitose é uma patologia que se caracteriza pelo crescimento anormal de tecido ósseo em torno de uma articulação das vértebras cujo disco intervertebral, que deveria funcionar como amortecedor entre os ossos, está comprometida.

Essas alterações, os osteófitos ou bicos-de-papagaio, surgem como consequência da desidratação do disco intervertebral, o que favorece a aproximação das vértebras e torna possível a compressão das raízes nervosas. Na verdade, os osteófitos podem ser considerados um tipo de defesa do organismo para absorver a sobrecarga exercida sobre as articulações e estabilizar a coluna vertebral.

O nome bico-de-papagaio pelo qual a doença se tornou popularmente conhecida deve-se à semelhança dessa expansão óssea com o bico recurvado da ave.

A deformação afeta especialmente as pessoas depois dos 50 anos, mas pode manifestar-se também em pessoas mais jovens expostas aos fatores de risco.

Causas

Além do desgaste natural dos discos intervertebrais próprio da idade e da predisposição genética, estão entre as causas mais frequentes do aparecimento do bico-de-papagaio (osteófito) a má postura, a obesidade e o sedentarismo. No entanto, traumas na coluna sofridos anteriormente e doenças reumáticas podem estar associados ao aparecimento da lesão.

Sintomas

Os principais sintomas são dor forte, limitação dos movimentos, perda da força muscular, da sensibilidade e dos reflexos. Em algumas situações, formigamento pode ser outro sinal da doença.

Diagnóstico

A avaliação clinica e o levantamento da história de vida do paciente são elementos básicos para estabelecer o diagnóstico de bico-de-papagaio. No entanto, exames de imagem como raios X, tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser úteis para analisar a extensão e gravidade do problema.

Prevenção

Alguns cuidados são essenciais para prevenir a formação de bicos-de-papagaio. Como a postura incorreta pode ser considerada uma das principais causas da doença, é preciso redobrar a atenção nas atividades do dia a dia que possam favorecer a ocorrência de pequenos traumas e/ou o aumento da sobrecarga na coluna vertebral.

A manutenção do peso corpóreo nos níveis adequados e a prática regular da atividade física são consideradas também medidas preventivas indispensáveis para evitar o desenvolvimento da osteofitose. Os exercícios mais recomendados são os de baixo impacto, como hidroginástica, bicicleta, natação e alongamento, pois não forçam as articulações e aqueles que possam favorecer o fortalecimento da musculatura abdominal e da coluna.

Tratamento

Não existe tratamento para recuperar o disco intervetebral. O desgaste que sofreu é irreversível. Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser úteis para aliviar a dor, mas o fundamental é desenvolver hábitos que facilitem corrigir os problemas de postura. Fisioterapia e a prática regular de exercícios físicos são recursos benéficos para controle da doença.

Casos mais graves indicativos de desalinhamento progressivo da coluna ou de distúrbio neurológico podem exigir intervenção cirúrgica.

Recomendações

Mudanças no estilo de vida são fundamentais para prevenir ou evitar a formação de bicos-de-papagaio, uma doença encarada como banal, mas que pode provocar dor, desconforto e restrição de movimentos;

A prática mal orientada de exercícios físicos, em vez de ajudar, pode ser responsável por traumas contínuos na coluna que facilitarão o aparecimento das expansões ósseas características da osteofitose;

Os bicos-de-papagaio constituem um processo que leva muito tempo para estabelecer-se. Quando se instala, porém, exige cuidados pela vida toda;

Os primeiros sintomas sugestivos da osteofitose são razão suficiente para procurar um ortopedista para controle e tratamento da enfermidade.
Por Dráuzio Varella
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Yogaterapia - Prevenção e Cuidados - Osteofitose 

Algumas técnicas de relaxamento, fortalecimento, equilíbrio e respiração  do Yoga oferece benefícios para quem já sofre de Osteofitose e a prática regular atua na prevenção.
Por ser uma atividade de baixo impacto, o Yoga protege as articulações, ajuda a fortalecer a musculatura abdominal e da coluna, corrige a postura ,a respiração e ajuda a diminuir ansiedade.

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Procure um professor capacitado para lhe auxiliar na prática.






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Érica Ribeiro
Instrutora de Hatha Yoga
Yogaterapia - Meditação
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Fonte de Pesquisa : Site Drº Dráuzio Varella, Bem-Estar, Pedro Kupfer



quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Yoga - Preparando-se para a prática



Muitas pessoas se lançam à prática sem haver preparado o alicerce que fará com que possam efetivamente aproveitar as técnicas. Elas podem por momentos achar que fizeram grandes progressos mas na verdade pode acontecer que nem sequer tenham conseguido se preparar para começar. 

Imagine moksha, o estado de liberdade, como a tarefa de construir uma casa. A iluminação aconteceria quando, construído o alicerce, levantadas as paredes e o teto, você entra na casa já pronta e liga o disjuntor da rede elétrica. Algumas pessoas começam alegremente a construir as paredes esquecendo que elas se sustentam pelo alicerce. 

Sem as preparações preliminares, sem a ética (yama e niyama), sem a purificação do corpo e do pensamento (kriyá, bhúta shuddhi, chitta shuddhie alimentação correta), sem exercício adequado (ásana e pránáyáma), não pode haver progresso no sádhana. Sobre esse alicerce se elevam as paredes: a discriminação entre o eterno e o perecedouro (viveka), o desapego do fruto das ações (vairágya) e o desejo de libertação (mumukshutva). 

Depois, vem o telhado: controle dos órgãos sensoriais e motores (shama edhama), cessação das ações desnecessárias (uparati), paciência (titiksha), concentração (samadhana) e fé (shraddha).
Se você nem sequer pensou nessas coisas ao fazer um balanço da sua prática, é bem provável que não esteja ainda preparado para ir além das práticas introdutórias. Quando não há nada disto, diz Swami Dayananda que a única resposta possível àquela pergunta 'quem sou eu?' é 'o mesmo idiota de sempre'. 

A competência para atingir a iluminação se chama em sânscrito adhikara e se consegue pela purificação do corpo e da mente. Essa competência não deve subestimar-se. Não adianta apenas querer. É essencial estar preparado, da mesma forma que não qualquer surfista pode surfar as maiores ondas do planeta.
Aqueles que não estiverem física e psicologicamente preparados, os que não tiverem a habilidade técnica, a resistência, a experiência e o sangue frio necessários, correm o sério risco de morrerem afogados. Às vezes confundimos a possibilidade de fazer alguma coisa, com a habilidade necessária para fazer essa coisa. 

A competência e a purificação corpo/mente de que falamos antes pode comparar-se com a preparação pela qual o surfista precisa passar antes de ousar surfar ondas que poderiam matá-lo. Yoga é um caminho para a libertação. A verdadeira dimensão desse caminho só pode vislumbrar-se com a prática constante.
Quanto mais você sabe, mais você é consciente da sua ignorância e do que há para se conhecer. As práticas mais simples, com ásana e respiratórios são benéficas para todos mas têm pouco a ver com o que há no final do caminho. Entretanto, até mesmo na prática de ásana ou pránáyáma há perigos: quem se machucou na primeira tentativa de fazer uma invertida sobre a cabeça sabe disso. 

Quanto mais o praticante avança no sádhana, mais aumenta a auto-exigência. O Yoga é para todos, mas, a partir de um certo ponto, são poucos os que seguem mesmo além. Um ditado hindu diz: o verdadeiro heroísmo está em conquistar sua própria natureza (svabhavo vijayati iti shauryam). Por isso a tradição yogika dá tanta ênfase às técnicas preliminares, da mesma forma que se recomenda aprender a nadar antes de aprender a surfar. Não importa onde você está, senão para onde está indo.
Para saber exatamente onde estamos no sádhana, basta olhar para as nossas atitudes no dia a dia. Somos capazes de controlar os pensamentos indesejáveis? Conseguimos concentrar-nos no que fazemos? Conseguimos controlar as emoções negativas ou somos controlados por elas? As nossas debilidades são mais fortes que nós? 

Para saber onde estamos exatamente na prática, Shivananda propõe acompanhar o nosso sádhana cotidiano levando um registro num diário. Esse diário de sádhana não deve servir apenas para anotar os respiratórios, ou sobre o que meditamos e durante quanto tempo, mas também deve incluir as nossas atitudes do dia a dia: as mais e as menos felizes. Desta forma você se dá a chance de acompanhar a sua evolução ao longo do tempo.


Extraído do livro Yoga Prático.

Por Pedro Kupfer
www.yoga.pro.br

A Ciência do Yoga


Este é o primeiro de dois textos sobre os efeitos da prática do yoga publicado no site da revista Forbes, o segundo: “A Psicologia do Yoga”, trata especificamente das mudanças psicológicas.
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Julgando pelo número de esteiras de yoga que tenho visto sendo carregadas em Manhattan nos últimos 15 anos, tenho certeza de que fui a última pessoa da ilha a experimentar tal modalidade. O meu relacionamento com essa prática começou há cerca de 6 meses atrás e devo admitir que eu me apaixonei – e muito – por ela. Fiquei impressionada com as mudanças que afetaram o meu corpo e, mais ainda, a minha mente. Porém, o meu lado nerd, ligado à medicina ocidental, ainda se perguntava como exatamente isso estava acontecendo. Eu podia chutar algumas hipóteses baseadas no que eu sei sobre o corpo, mas preferi falar com alguém que realmente entendesse e estudasse esse tipo de ciência.
Stephen Cope é terapeuta e diretor do Institute for Extraordinary Living noKripalu Center for Yoga and Health em Massachusetts. Lá, ele comanda um programa intitulado “O Yoga e o Cérebro”, cujas pesquisas estudam o efeito do yoga no cérebro com ressonância magnética e outras técnicas. Cope explica que o yoga traz mudanças significativas no sistema nervoso simpático do corpo – aquele responsável por estimular ações, como de “luta ou fuga”, em resposta às situações de estresse. Todavia, como as nossas vidas hoje em dia incluem e-mails de trabalho às dez horas da noite e conversas altas no telefone da mesa ao lado, em resposta, muitas vezes, nosso corpo permanece ‘on’ quando, na verdade, não deveria permanecer. O Yoga ajuda o corpo a diminuir essa resposta ao estresse, reduzindo os níveis do hormônio cortisol, que não é somente o combustível para as nossas reações ao estresse, mas que também pode causar estragos no corpo quando está em estresse crônico. Assim, a redução do nível desse hormônio no organismo é considerada uma coisa boa.
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O Yoga também aumenta os níveis de substâncias que nos fazem sentir bem, como o GABA (Ácido gama-aminobutírico), a serotonina e a dopamina, que são responsáveis por nos sentirmos relaxados e satisfeitos. Todos esses três neurotransmissores são os principais utilizados em medicamentos que controlam o humor, como antidepressivos (por exemplo, ISRSs) e ansiolíticos (anti-ansiedade). O fato do yoga estar associado ao aumento dos níveis dessas cobiçadas substâncias químicas no organismo não é nada desprezível.
Ainda há outro bônus, diz Sarah Dolgonos, doutora em medicina, que dá aulas na Yoga Society of New York’s Ananda Ashram. Ela aponta que além de suprimir a resposta ao estresse, o yoga estimula o sistema nervoso parassimpático, que nos acalma e restaura o equilíbrio depois que uma situação de estresse chegou ao fim. Quando este sistema nervoso é ativado, “o sangue é direcionado em direção a glândulas endócrinas, órgãos digestivos e circulação linfática, enquanto a frequência cardíaca e a pressão arterial são reduzidas”, diz Dolgonos. Ainda, com o sistema nervoso parassimpático em funcionamento, “o nosso corpo pode extrair melhor os nutrientes dos alimentos que comemos, e mais efetivamente eliminar toxinas, já que a circulação é aumentada. Com a ativação parassimpática, o corpo entra em um estado de restauração e cura”.
Também há um consenso que o yoga melhora o sistema imunológico, diz Dolgonos. Esse benefício provavelmente é causado devido a redução do cortisol, mencionado anteriormente: o excesso desse hormônio pode diminuir a eficácia do sistema imunológico “imobilizando algumas células brancas”. A redução do cortisol na circulação “remove a barreira para um eficaz funcionamento da função imunológica”, sendo assim, o yoga ajuda na prevenção de doenças, já que melhora a imunidade.
Vamos então nos aprofundar ainda mais nos efeitos dessa prática no organismo (paciência comigo, isso é realmente interessante). Pesquisadores descobriam que o yoga melhora a saúde, em parte, reduzindo um grande adversário do corpo: a inflamação. A inflamação crônica, mesmo em baixo grau, é responsável por uma série de problemas de saúde, de doenças cardíacas a diabetes e depressão.
Paula R. Pullen, PhD, instrutora de pesquisa da Faculdade de Medicina Marehouse, estuda os efeitos do yoga sobre a inflamação observando o que acontece nos corpos dos pacientes com insuficiência cardíaca que se matriculam em aulas de yoga. Ela mostrou que depois de serem distribuídos aleatoriamente entre yoga ou cuidados médicos padrão, os pacientes que praticavam a atividade tiveram uma melhora significativa nos níveis de biomarcadores, como a proteína C-reativa (PCR) e a interleucina-6 (IL-6). Se seus olhos ficaram paralisados, essas descobertas são bastante notáveis, já que mostram que o yoga pode realmente afetar as mais minúsculas moléculas, aquelas que são amplamente conhecidas por prever riscos de doenças graves. Pullen realça que a redução dos níveis de inflamação no corpo é extremamente importante do ponto de vista preventivo. E o yoga pode ajudar com isso. “O yoga equilibra o organismo, o sistema hormonal e a resposta ao estresse. As pessoas tendem a pensar que o yoga está apenas relacionado com a flexibilidade, quando na verdade, no sentido fisiológico se trata mais sobre reequilibrar e curar o corpo”.
Apesar de existir a milhares de anos, a ciência Ocidental está apenas começando a entender como funcionam os efeitos exercidos pelo yoga. Sendo assim, será certamente interessante acompanhar essas pesquisas, uma vez que continuará revelando o que o yoga é capaz de fazer com o corpo e com o cérebro. Fique atento para a parte II sobre os efeitos do yoga!
Tradução: Paula Coutinho | paula.emidioc@gmail.comFonte: Penetrating Postures: The Science of Yoga
yogaemcasa.net

Hatha Yoga - Mula Bandha

Às vezes, ouvimos dizer que mūla bandha é a contração dos esfíncteres do ânus e da uretra. Porém, a bem da verdade, este bandha vai além de contrair esses músculos. O nome significa 'fecho da raiz'.
Mūla bandha é a técnica de elevação e ativação do assoalho pélvico. Contrai-se primeiramente a musculatura dos esfíncteres do ânus e da uretra. Depois, eleva-se verticalmente o assoalho pélvico, em direção ao plexo solar. Esta contração pode ser acompanhada pelo recolhimento dos músculos do baixo-ventre, uḍḍiyana bandha. Estimula-se assim o sistema nervoso central e o mūladhāra chakrachakra básico.

Esta técnica é sumamente importante para manter-se a concentração e o foco na prática. Ensina a Haṭha Yoga Pradīpikā: 'Praticando-se mūla bandha, atinge-se a perfeição total. Não há dúvida sobre isto.'

Toda a área do períneo é ativada e 
ligeiramente elevada com o mūla bandha

 aśvinī mudrā
Existe uma variação desta técnica, chamada aśvinī mudrā, que consiste em fazer sucessivas contrações da musculatura anal e uretral. Este exercício de contração rítmica fortalece a musculatura da base do tronco e é mais fácil que o mūla bandha, pelo que recomendamos o seu uso para aqueles que não tiverem ainda dominado esse exercício. Avśinī significa 'égua' em sânscrito. Como bons observadores da natureza, os yogis viram que o movimento deste bandha reproduzia aquele que as éguas fazem ao acabar de urinar. O nome provém dessa constatação.
Efeitos do mūla bandha
mūla bandha aumenta a potência sexual e a irrigação sangüínea na região pélvica, ajuda efetivamente no controle do orgasmo, evita a dispersão da energia sexual, mantém o equilíbrio hormonal e estimula o metabolismo dos órgãos internos. O curso natural descendente do apāna vāyu é invertido, forçando-o a elevar-se em direção ao prāṇa vāyu, na região do tórax.

Por Pedro Kupfer

Desvendando os efeitos da prática : A Psicologia do Yoga



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“Este é o segundo, de dois textos sobre os efeitos da prática do yoga publicado no site da revista Forbes, o primeiro: “Desvendando os efeitos da prática: A ciência do Yoga“ examina as mudanças biológicas que o yoga produz no corpo e no cérebro.”
Tendo explorado os aspectos dos surpreendentes benefícios na área de saúde proveniente do yoga, pareceu natural mudar do objetivo para o subjetivo, e dar uma olhada no que o yoga pode fazer com a mente. Até porque, muitas pessoas dizem que, depois de terem começado a prática do yoga, se sentiram mentalmente mais fortes, mais relaxadas, menos depressivas e mais equilibradas do que antes. Caramba, sou a primeira a admitir que esta é a melhor terapia que já participei. Então, para discutir como e por que essas mudanças ocorrem, recorri a dois profissionais bem reconhecidos e experientes.
Stephen Cope, diretor do Institute for Extraordinary Living no Kripalu Center for Yoga and Health, explica que o yoga é uma forma de meditação e esse é justamente o seu poder: “O yoga oferece treinamento de atenção e de auto regulação. Na prática do yoga, estamos treinando nossa consciência para atender o fluxo de pensamentos, sentimentos e sensações do corpo – e para conviver com esses diferentes estados do corpo sem julgamento ou reatividade”.
Em outras palavras, o yoga ensina um novo tipo de atenção. As pessoas que o praticam aprendem a lidar com todos os pensamentos que induzem ao estresse que esvoaçam em torno da nossa cabeça: pensamentos negativos, preocupações, julgamentos precipitados – como o que são: apenas pensamentos, e nada mais. Considerando que a reação aos nossos pensamentos é o que tipicamente nos coloca em problema, aprender a lidar com eles e aceitá-los sem julgamento é fundamental. Então, podemos deixá-los ir, diz Cope, e “fazer escolhas sábias – não com base na reatividade a esses estados, mas segundo nossos melhores interesses”.
Essa ideia de prestar atenção aos pensamentos de uma forma imparcial é o que a meditação propõe. Essa antiga prática ganhou uma grande interesse por parte dos pesquisadores (e pessoas comuns) nos últimos anos. Cientistas têm estudado como o curso dos raciocínios podem mudar as reações e os comportamentos das pessoas, e como eles podem, literalmente, mudar a estrutura do cérebro. O treinamento de atenção e raciocínio tem mostrado fornecer grandes benefícios no tratamento de tudo, até de doenças graves. E o yoga funciona exatamente nos preparando e nos conduzindo nesse caminho.
Elena Brower, professora de yoga da Anusara, co-fundadora e dona do estúdio Virayora em Manhattan, me contou sobre suas mudanças pessoais que ela testemunhou em sua mente com a prática do yoga nos últimos 15 anos. Ela começa explicando a mudança na atenção que o yoga pode trazer: “Cada um possui dois aspectos de nós mesmos; um que está desenhado dentro de nós, super concentrado e alternadamente com medo; e outro, que é expressivo, aberto, pronto, disponível e absolutamente corajoso. Na nossa mente, o yoga ajuda a criar uma relação paciente entre esses dois aspectos. O yoga traz um nível de paciência e entendimento que eu nunca encontrei em nenhuma outra disciplina”.
Ambos especialistas concordam que há algo poderoso e fundamental sobre sincronizar a mente e o corpo como o yoga faz. Os pesquisadores também estão começando a compreender as profundezas da conexão mente-corpo. Como Cope explica, “yogis acreditam que a mente e o corpo estão ligados em todos os sentidos e, na verdade, que a mente é apenas uma forma sutil do corpo, e o corpo, por sua vez, uma forma grosseira da mente”. O que nós fazemos por um beneficia o outro. E como Browed enuncia, “quando bem alimentado, um corpo forte nos ajuda a ver os hilariantes devaneios da mente de forma mais clara”. De fato, a vida é muito mais prazerosa quando aprendemos a ver nossos pensamentos não como realidades graves a serem reagidas, mas como inofensivos, quase cômicos, como pequenas nuvens que flutuam dentro e fora da consciência.
Brower também aponta que não é necessário praticar horas a fio para colher os benefícios mentais que o Yoga pode trazer. “Mesmo 20 minutos, regularmente, muda a minha capacidade de estar presente. A minha prática diária consiste em 15 a 20 minutos de asana (posturas) e 5 a 10 minutos de meditação.”
Para pessoas que estão indecisas de tentarem pela primeira vez, Brower diz: “Saiba que pode demorar um pouco de tempo para que você encontre realmente um professor que fala com VOCÊ de um jeito que você consiga escutar mas, uma vez que você consiga isso, esteja preparado para se sentir mais forte, mais seguro e, em muitos casos, ridiculamente feliz e emocionado ao conhecer a força em seu corpo que vem com uma prática consistente”.
A questão é que, além de seus benefícios físicos óbvios, o yoga é ótimo para aqueles que estão com a cabeça em seus pensamentos o tempo todo. “Quando você tem algumas aulas de yoga na bagagem,” diz Brower, “a primeira coisa que você vai notar é o espaço entre os seus pensamentos. Literalmente, uma pausa é revelada, através da sua respiração, que lhe concede um instante de tempo entre um pensamento e outro”.
Se você está pronto para sair do emaranhado dessas infindáveis cogitações mentais, eu recomendo dar uma chance ao yoga.
Tradução: Paula Coutinho | paula.emidioc@gmail.comFonte: Penetrating Postures: The Psychology of Yoga
yogaemcasa.net

Hatha Yoga - Pranayamas parte II



Parte II
A BOA RESPIRAÇÃO DEVE SER NASAL
Dos mamíferos, o homem é o único que, por causas patológicas ou deploráveis maus hábitos, ás vezes respira pela boca. Respiração errada. O nariz não foi feito para compor um elegante perfil. Deus o pôs no meio da nossa face para com ele realizarmos sadiamente esta coisa importantíssima que é respirar. Os inconvenientes da respiração bucal são de dupla natureza: físicos e pranicos. Os de ordem física começam com a insuficiente alimentação de ar nos pulmões. Os que respiram pela boca são permanentemente martirizados por uma asfixia parcial, além de serem mais sujeitos às infecções por germes do ar. O nariz é um filtro contra poeiras. Graças à ação bactericida de seu muco, livra-nos de insidioso invasores. É também um radiador natural que aquece o ar frio do inverno, antes de chegar aos pulmões.
A dificuldade de respirar pelo nariz começa quase sempre na infância, e é quando, por tal motivo, se forma o habito de respirar pela boca. A ciência dos tatwas ensina que na pessoa sadia a respiração se faz mais fortemente por uma narina do que por outra, variando o lado de duas em duas horas. Durante duas horas, a narina direita funciona mais fracamente do que a esquerda para, depois de duas horas, mudar e então é a esquerda que mais trabalha. Não sei se a ciência ocidental já se apercebeu deste fenômeno. Isto implica em saúde e harmonia com o cosmos. As pessoas que sofrem de nariz entupido de um dos lados gozam menos saúde do que os que respiram normalmente. Por isso deveriam aprender a conservar em bom estado funcionando ambas as narinas. Das fossas nasais, a que mais freqüentemente funciona mal é a esquerda, por onde se faz a inspiração da corrente negativa THA. "Ora, diz Kerneiz (Comment Respirer; Èditions Jules tallandier, Paris), certos biologistas contemporâneos, como o doutor thijenski, consideram precisamente como uma das causas e igualmente um dos principais sintomas do envelhecimento a insuficiência de ionização negativa nos fenômenos humanos." Agora que expusemos o ônus de uma respiração defeituosa, estamos na obrigação de indicar técnicas yogues que a possam corrigir e curar.
A) Como corrigir a respiração deficiente
Como os exercícios de pranayama são quase todos executados usando somente o nariz, antes de iniciar um deles é preciso ter as fossas nasais totalmente desimpedidas.
Talvez nenhuma técnica yogi seja necessária quando se trata de uma pessoa que respira pela boca devido ao mau hábito formado em época em que, por um qualquer defeito anatômico ou fisiológico, teve dificuldade em respirar pelo nariz. Neste caso, só é preciso uma boa dose de propósito de livrar-se do habito, se é que o obstáculo anatômico ou fisiológico já foi removido. Para desobstruir uma das narinas, coloque na axila do lado oposto um volume como o de um livro, ou o punho fechado. Dentro de minutos, o desentupimento se dá. É só ter um pouco de paciência. Logo que obtiver o que deseja, desfaça a pressão, senão vai entupir a narina do mesmo lado. Se estiver na cama, é suficiente deitar-se sobre o lado desobstruído, para em poucos instantes livrar a narina que estava entupida. E ainda há quem não admita a existência dos nadis!!...
A lavagem do nariz ou vyut-krama consiste em aspirar água pelo nariz e cuspi-la pela boca. A sucção se faz mais com a faringe do que com as narinas. A água deve ser fervida, com uma solução de 7% de sal de cozinha (melhor o sal bruto) e em temperatura tépida. Às primeiras vezes a coisa é desagradável. Dá uma dorzinha que desaparece com poucos segundos.

O DIAFRAGMA E A RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA 
No mecanismo respiratório, o músculo que separa o tórax do abdômen desempenha papel relevantíssimo. Se você se deitar de barriga para cima poderá observar como o abdômen sobe e desce ao ritmo respiratório. Funciona o diafragma como uma membrana. Quando desce, intumescendo o abdômen, arrasta consigo a base do pulmão, aumentando o volume interno deste, o que produz a sucção do ar. Isto é a inspiração. Na expiração, dá-se exatamente o contrário; o diafragma, levantando-se, comprime os pulmões, expulsando o ar. Este mecanismo, tão bonito e tão sadio, com a vida sedentária, desgraçadamente, vai-se perturbando, até quase desaparecer na maioria das pessoas maduras. É como se o diafragma morresse aos pouquinhos. Resta no fim tão-somente a respiração com a parte superior dos pulmões. Mesmo entre atletas tal fato se dá. Quando querem respirar fundo para voltar à calma, levantam os braços, comprimem e intumescem de ar somente o terço superior do órgão. Fazem exatamente o oposto do que o Yoga ensina e que é a forma ideal de respirar.
O atleta ocidental inspira estofando o peito e encolhendo a barriga. O yogi inspira projetando discretamente a barriga, puxando para baixo o diafragma, enchendo, assim, não somente o ápice mas também e, mesmo antes, a base do pulmão, que é a zona mais rica em alvéolos, portanto a mais importante para a economia vital.
A morte do diafragma paralisa a movimentação da parede abdominal. Esta, por falta de exercícios, definha, não podendo mais sustentar em seus devidos lugares as vísceras, que se dilatam e caem sob a solicitação da gravidade. E a velhice muito cedo chega, com a gordura que se acumula enfeando a barriga.
A visceroptose, este deslocamento das vísceras, é corrigida mediante a respiração diafragmática que você vai aprender daqui a pouco. A respiração ocidental nega ao organismo um tesouro de benefícios decorrentes da massagem automática e natural que a respiração diafragmática promove nos órgãos internos e nas glândulas, a par de que, do ponto de vista quantitativo, trabalhando apenas com um terço do pulmão, reduz proporcionalmente a "capacidade vital". A respiração diafragmática tem sido utilizada no tratamento de moléstias cardíacas. Ela massageia com brandura e naturalidade o coração.
O professor Tirala, de Wiesbaden, é o pioneiro neste tratamento. No restabelecimento do presidente Eisenhower a respiração teve papel significativo. Massagem igual á que recebe o coração todas as vísceras recebem. No caso dos intestinos, ela é particularmente benéfica, curando a prisão de ventre, contribuindo assim para livrar o organismo das massas putrefactas. Rejuvenescimento progressivo é outro dividendo que seguramente se recolhe. A respiração abdominal também é utilizada como elemento principal em regimes de emagrecimento. Atuando diretamente nas causas da obesidade, é o mais definitivo e sadio método de emagrecimento. Depois de tudo isto saber, o leitor pode estar ansioso pelo "mapa da mina", isto é, a técnica da respiração diafragmática. Vamos a ela. Antes de qualquer outra coisa, faz-se imprescindível restaurar os movimentos naturais do diafragma, perdidos em massas de gordura, sufocados por cinturões apertados, esmagado por vísceras crescidas. Sem este exercício preliminar, nada pode ser obtido e nada deve ser tentado.
A) Ativação do diafragma
Trata-se de exercício puramente mecânico. Nele ainda não nos preocupamos propriamente com a respiração. Sentado ou em pé, tendo previamente esvaziado os pulmões, movimente a barriga para diante e para trás sob a ação do diafragma. Desde este primeiro exercício você deve habituar-se a manter sua atenção no que esta fazendo. Comece com um minuto no primeiro dia e vá acrescentando um nos dias subsequentes até atingir cinco. Não use de violência, pois poderá vir a sentir alguma dor, a qual devera passar com o repouso. Evite a prática se o estomago estiver cheio. Para maior facilidade, de pé, incline o tronco um pouco para frente, apoiando as mãos nas coxas um pouco acima dos joelhos.
B) Limpeza do pulmão
O pulmão é como uma esponja que se deve embeber, não de água, como a esponja comum, mas de ar. A cada inspiração se enche de ar que depois será lançado fora quando os músculos respiratórios se relaxem na expiração. Comumente, tanto a inspiração como a expiração não são feitas com todo o pulmão, mas apenas com um terço, assim a esponja só funciona numa sua terça parte. Que acontece com o restante? Uma coisa bem nociva: boa quantidade de ar fica estagnada, sem renovação, sujeita portanto a deteriorar-se e deteriorar o próprio pulmão e, portanto, toda a saúde.
Precisamos, portanto, aprender esta prática higiênica tão pouco conhecida e tão útil, qual seja a de expulsar do pulmão o ar residual e fermentado. Aprendemos a espremer ao máximo a esponja. Suponhamos que você já aprendeu a movimentar o diafragma. Expulse todo o ar, ajude com uma pequena tosse e complete puxando aquele músculo para cima e comprimindo a musculatura abdominal, o que será conseguido com o encolher ao máximo o abdômen como que desejando encostar o umbigo às costas. É prudente lembrar que isso não deve ser feito de estomago cheio.
C) Exercício de respiração diafragmática
Tendo readquirido a natural movimentação diafragmática, mercê de um exercício anterior, puramente mecânico, temos agora que a isto associar o movimento da respiração, coisa que, à primeira vista, parece fácil, mas que não é, devido a uns tantos desnaturados automatismos respiratórios adquiridos, bem como pela interferência perturbadora de certos estados psicológicos.
Deite-se sobre as costas, em superfície dura (no assoalho forrado), encolha as pernas, conservando os joelhos altos e juntos, mas os pés afastados. Descanse a mão sobre o abdômen, afrouxando todos os músculos. Proceda à limpeza do pulmão. Assim, o abdômen deve estar retraído ao Maximo e assim o conserve até que se sinta "impulsionado" a inspirar, quando então o abdômen tende a expandir-se. Agora então solte-o e deixe o ar entrar.
Concomitantemente, o abdômen se eleva, arrastando o diafragma, que por sua vez puxa a base do pulmão, e dessa forma o ar que entrou pelas narinas vem encher este órgão. Para a exalação, novamente o abdômen se abaixa, suspendendo o diafragma, enquanto para fora vai o ar. "Durante o processo, o abdômen é o único que se movimenta, já que o peito permanece praticamente imóvel. Mas este movimento do abdômen, repetimos, quando se consegue fazer corretamente o exercício, não é a própria pessoa (eu consciente) quem dirige e aciona. É obra exclusiva do diafragma (mente instintiva), o qual o praticante deve limitar-se a seguir com atenção em sua natural, livre e espontânea movimentação. Em realidade, não é a pessoa quem faz o exercício respiratório, mas é a própria vida que nele respira, limitando-se a pessoa a permitir, observar e seguir com atenção o processo natural de respirar que em seu interior tem lugar." (A. Blay, "Hatha Yoga"; Editorial Ibérica, s.a.; Barcelona.) Esse exercício pode ser realizado sem restrições. Qualquer pessoa sadia ou enferma, jovem ou idosa, pode praticá-lo e na dosagem que desejar.
Para os melhores resultados, deve o praticante observar que: a) Às narinas não cabe puxar o ar. Se há alguma solicitação do ar, esta cabe àquela área posterior ao nariz e anterior à faringe, lugar aproximado da glândula pituitária. O nariz é a entrada natural do ar, pois esta aparelhado para filtrá- lo, purificá-lo e aquecê-lo. A respiração pela boca, só em raros exercícios. Mas no exercício presente o nariz serve de passagem tão-somente. À sua passagem, o ar fresco estimula e esfria a mucosa e ao ser expelido vem aquecê-la.
b) A respiração é calmíssima. Uma pessoa profundamente adormecida dá-nos uma ideia daquilo que devemos realizar.
c)Depois de certo progresso na técnica, as pernas podem ficar estendidas, e não mais flexionadas, aproximando-se daquilo que se denomina relaxamento completo, objeto de estudos adiante feitos.
d) Sua atenção alerta e ininterrupta deve acompanhar a suave e profunda ondulação do ventre, o entrar-e-sair do alento. Dizemos alento e não ar atmosférico, pois, a partir daqui, cada vez que inspirarmos (puraka) devemos mentalizar o prâna, que é vida, paz, saúde, energia, alegria, enfim, tudo de que precisamos para sermos felizes. 
e) Bem dissemos que a atenção deve acompanhar, pois o praticante somente experimentará as sensações de descanso, liberdade, espontaneidade, leveza, alegria e paz se se abandonar à vida que nele penetra, sem interferir voluntariamente no processo. Deve deixar que a respiração, vinda do plano profundo do eu, chegue à superfície e se harmonize no plano consciente.
f) Esta pratica lhe será proveitosa: 1) no relaxamento; 2) ao deitar-se para dormir; 3) nos momentos de tensões e conflitos emocionais; 4) quando se sentir mentalmente cansado; 5) na fase preparatória de qualquer trabalho intelectual.
g) As pessoas que se acham presas à cama podem e devem praticar a respiração abdominal. Isto só lhes prestará benefícios. h) O bom êxito depende da correta posição do corpo, do relaxamento e da atitude mental. Efeitos psicológicos: Tranquilização de crises emocionais; correção da habitual divagação mental; sensação de vivência deliciosa e profunda. Cura insônias. Efeitos fisiológicos: repouso geral, especialmente para os sistemas nervosos cerebrospinal e vago simpático; perfeita irrigação sanguínea; regularização de todas as funções vegetativas, com a mais profunda pranificação do corpo sutil.
RESPIRAÇÃO COMPLETA
Estamos agora em condições de aprender e praticar a respiração completa, desde que já aprendemos a respiração abdominal automática. Naquela deixamos que a coisa acontecesse. Agora vamos dirigir o processo. Se até então apenas trabalhava um terço do pulmão, agora vamos forçar a ação de todo ele.
Nesta forma de respirar, todos os níveis da personalidade participam, desde os planos mais profundos aos superficiais. Agora, voluntariamente atuando com os músculos respiratórios, o praticante vai fazer o pulmão trabalhar em sua total capacidade, o que se não deve entender como uma respiração forçada a ponto de quase arrebentar com a exagerada pressão interna causada pela super ventilação, o que só tem acarretado distúrbios nervosos e pulmonares. Suavidade é uma das características marcantes de todo exercício yogi e este não é uma exceção. Posto que se conduza mentalmente a inspiração, não quer dizer que ela seja um bombeamento desmedido de ar. Ela é mais o resultado de um impulso que vem do fundo de nós mesmos. Normalmente, isto é, respirando somente com um terço do pulmão, o homem não tem a saúde e a energia que teria se respirasse com o órgão todo. É isto que vamos ensinar aqui. Aprendemos a respiração completa. Ela envolve a base, a parte média e o ápice pulmonares, segundo três fases, precedidas pela limpeza completa, isto é, com o "espremer-se" totalmente a esponja pulmonar.
Terminada a limpeza, o abdômen deve estar recuado e a massa pulmonar, sem qualquer ar. É como um vazio que tende a ser preenchido. Execução. - Pode ser descrita em três fases. Na primeira, é abdominal ou diafragmática, portanto, quando perfeita, deve ser automática, espontânea e nela a mente e a vontade apenas figuram como testemunhas. As duas outras, ao contrário, são fases voluntárias, quer dizer, mentalmente comandadas. Deve-se praticar de pé ou sentado, com a coluna vertebral perfeitamente colocada em suas curvaturas naturais, o que se consegue mantendo o tronco erecto, sem constrangimento.
Assim, com todo o corpo relaxado, limpe totalmente os pulmões. Permaneça sem o ar por alguns segundos, como que criando a necessidade de inspirar. Depois comece. É bom que evite violências e dosagem além da que seria prescrita. Nada faça sem estar bem atento para todos os movimentos.
Não desanime com as naturais dificuldades de começo. Siga fielmente a descrição do exercício... e.... bom proveito!...
1a fase - Respiração abdominal. - Aproveite o impulso que vem de dentro, liberte o abdômen que vai para frente, deixe entrar livremente o ar, o qual acentua o movimento abdominal. Com isto ficará cheia toda a base pulmonar. Os erros que se devem evitar são: 1) não simultaneidade entre o inspirar e o projetar o abdômen; 2) forçar demasiadamente a barriga para a frente, julgando que assim faz caber maior dose de ar. O avanço do abdômen se faz ao mesmo tempo que a inspiração e desta é a causa.
2a fase - Respiração mediana. - Tendo o ar preenchido a base do pulmão, devera encher-se agora a parte media, e isso será facilitado com o alargamento das costelas de parte mediana do tórax, num aumento lateral do volume torácico. É possível que o principiante sinta dificuldades, em virtude do estado de atrofia em que tem seus músculos respiratórios, depois de tantos anos de respiração mesquinha. Exercite-se colocando as mãos nas costelas e procure sentir que elas se alargam.
3a fase - Respiração subclavicular. - Depois de bem alimentadas de ar a base e a parte media, resta fazer o mesmo com o ápice do pulmão o que se consegue erguendo suavemente os ombros. Concomitantemente, o abdômen, que permanecia avançado, volta à sua posição normal. A expiração faz-se de maneira inversa, como que esprememos a esponja pulmonar, a partir de cima até embaixo. Para isto, solte inicialmente a pressão reinante no ápice, depois na parte media e, finalmente, pela contração e sucção abdominal, expila todo o ar, igualzinho como faz na "limpeza dos pulmões". Tanto a inspiração como a expiração se processam cada uma como um movimento único e uniforme apesar de ser triplo, como vimos. Quando perfeita, a inspiração é uma lenta, uniforme, ininterrupta e harmoniosa ondulação que, a partir do ventre, movimenta todo o tronco. O mesmo se pode dizer da expiração.
Efeitos fisiológicos.
Massageando o coração, rejuvenesce-o e o estimula; evita a prisão de ventre; equilibra o sistema endócrino; vitaliza o nervoso; desenvolve e tonifica todo o aparelho respiratório; melhora o funcionamento do estomago, vesícula, pâncreas, baço, rins e fígado. Melhora a qualidade do sangue pela maior eliminação do gás carbônico e absorção de oxigênio, beneficiando portanto o estado de todos os órgãos e tecidos, desenvolvendo sensivelmente a resistência e a defesa orgânica, aumentando notavelmente a energia. Somente os resultados colhidos e observados em si próprio indicarão ao praticante os lucros que auferiu. Destes, um interessa particularmente às pessoas gordas: emagrecimento sem fome, sem drogas nem torturas. Na opinião de Yesudian, é uma garantia contra a tuberculose.
Efeitos psicológicos. 
Aumenta em muito a energia psíquica. Desenvolve autoconfiança, autodomínio e entusiasmo para viver. Proporciona qualidades psicológicas invulgares não só como decorrência das melhores fisiológicas, como também porque proporciona uma bem maior assimilação de prana com mais completo aproveitamento de suas riquíssimas possibilidades.
Pela tranquilização da mente, pela purificação dos nadis e pela ativação dos chakras, é caminho para as mais sublimes conquistas espirituais.
Atitude mental. - Ao tomar a posição para o exercício, esteja convencido de que vai harmonizar-se com a Fonte de Vida, com o Alento Cósmico, que tudo mantém. É um tesouro e é seu. Não pense como o homem comum que respirar é somente oxigenar o sangue. É muito mais que isso. É pranificar-se. Nas primeiras tentativas, concentre-se sobre os movimentos musculares acima descritos, mas, logo que estes se fizerem correta e espontaneamente, concentre-se no prana e naquilo de bom que a respiração lhe oferece. Durante a inspiração, visualize tão nitidamente quanto puder que é invadido por multidões de minúsculas bolinhas diamantinas e luminosas que lhe trarão benefícios mentais, psíquicos e fisiológicos; sinta-se como bebendo na fonte da vida. Terminada a inspiração, conceba na imaginação que todo aquele prana se espalha pelo corpo, fixando-se em toda a parte, vivificando tudo. Ao expirar, convença-se de que lança fora toda a impureza, toda a fraqueza, toda a causa de sofrimento e inferioridade, aliviando-se assim do que exista de deletério em sua unidade psicossomática.
As Explicações foram retiradas do livro do professor Hermógenes, “Autoperfeição com Hatha Yoga”. 

Hatha Yoga - Pranayamas Parte I


Pranayama
Respiração
A ciência ocidental considera a respiração tão somente fenômeno fisiológico, mercê do qual o organismo utiliza o oxigênio do ar a fim de com ele efetuar as transformações químicas necessárias para que o sangue possa distribuir "nutrição" a todas as células. Parar de respirar e o mesmo que morrer. Para a ciência yogi a respiração, no entanto, é muito mais do que um fato fisiológico. É também psicológico e prânico. Em virtude de fazer parte dos três planos - fisiológico, psíquico e prânico -, a respiração é um dos atos mais importantes de nossa vida. É por seu intermédio que logramos acesso a todos eles. Por outro lado, é ela o único processo fisiológico duplamente voluntário e involuntário. Se quisermos, podemos acelerar, retardar, parar e recomeçar o ritmo respiratório. É-nos possível fazê-la mais profunda ou superficial. No entanto, quase todo o tempo, dela nos esquecemos inteiramente, deixando-a por conta da vida vegetativa.
Graças a isto, a respiração é também a porta através da qual poderemos um dia, a custa de aprendizado, invadir o reino proibido do sistema vago simpático. É principalmente graças a ela que um yogi avançado consegue manobrar fenômenos fisiológicos até então refratários a qualquer gerência. A psicanálise pôs ás claras a existência de um eu profundo, uma personalidade inconsciente, que estruturada com impulso e tendências instintivas, procura manifestar-se, pressionando, lá do nível desconhecido e misterioso de cada um de nós. Uma outra personalidade, que meridianamente cada um se reconhece ser, é estruturada á base de comportamentos aprendidos e socializados. Esta dicotomia alimenta um estado de tensão permanente. Pois o eu consciente, vigilante, teme e sufoca a livre expressão do eu profundo. Este, na interpretação de Freud, feio, erótico e anti-social, é alimentado pelas freqüentes repressões a que o eu consciente o submete. Do eu profundo o que podemos dizer é que ele é desconhecido e rebelde ao controle, mas não podemos concordar que seja apenas sujeira e negrume.
Podemos dizer, isto sim, que as energias que consigo guarda, e que, no homem vulgar, são desconhecidas pelo eu consciente, têm sido apenas temidas e recalcadas. Submetidas, mas não vencidas, permanecem, no entanto, criando conflitos e, como uma mola comprida, são perigosamente capazes de vencer o controle e soltar-se, muitas vezes, desastrosamente. Visando à unificação da personalidade, por meio de auto-análise e da psicanálise, tentativas são feitas no sentido de um "tratado de paz e mutua colaboração" entre estes dois partidos que dividem o "reino interno" do homem.
A respiração é um meio certo de obter essa unificação ou yoga.
Há em cada homem duplo ritmo respiratório. Um ligado à vida de relação ou consciente e o outro à atividade inconsciente e vegetativa. A primeira, que todos conhecem, é superficial, e a outra, profunda. Aquela se liga às atividades conscientes, características do eu superficial e consciente, e esta é própria dos mecanismos inconscientes e involuntários, ligada portanto ao eu profundo. A integração que se atinge no plano respiratório é estendida ao plano psíquico, mercê da integração dos dois sistemas nervosos: cerebrospinal e simpático. Consegue-se isto com a prática da respiração integral, que, começando como respiração superficial, se vai progressivamente aprofundando até a meta final. Desde já, porém, não se deve entender como respiração profunda apenas o inspirar sob grande esforço com o fim de encher ao Maximo o pulmão.
A) Aspecto psíquico da respiração
Para melhor evidenciar a natureza psíquica da respiração, basta considerar as alterações rítmicas funcionais que concomitantemente ocorrem com as alterações psíquicas. Na inquietude mental e emocional observa-se a respiração acelerada. Torna-se lenta nos estados em que nos achamos física, mental e emocionalmente tranquilos. Se nos envolve um conflito entre duas tendências ou desejos antagônicos, ela se faz irregular ou arrítmica. Se, no entanto, nos encontrarmos integrados, livres de contradições psíquicas, respiramos compassadamente. Reciprocamente, quando, pelos exercícios respiratórios, voluntariamente controlamos a respiração, tornando-a lenta, induzimo-nos necessariamente à tranqüilidade emocional e mental. Ritmando-a, estabelecemos a paz entre a mente, a vontade e os impulsos antes contraditórios e opostos.
B) A respiração como fenômeno prânico
Ao tratarmos do corpo prânico chegamos a ver a respiração como o meio de que ele se serve a fim de suprir-se de energia prânica. Cremos já ter dito o suficiente. Vimos já a importância da respiração como fenômeno polarizado, absorvendo a energia positiva --- HA e a negativa Tha. Energias estas que vão vivificar os chakras e circular pelos vários nadis.
Pelo exposto, torna-se claro que, controlando voluntariamente a respiração, ritmando -a, aprofundando-a, dirigindo-a, polarizando-a, o homem vai obtendo acessos a seus diferentes níveis - psíquico, fisiológico, prânico, podendo então integrá-los em seu proveito.
C) As fases da respiração
A respiração yogi se faz segundo três fases: puraka, ou inspiração; kumbhaka, ou retenção; rechaka, ou expiração. Conforme sabemos, quando inspiramos apenas pela narina esquerda, terminal do nadi id, absorvemos prâna negativo (THA) e quando o puraka se faz pela narina direita, onde termina o nadi píngala, incorporamos prâna positivo (HA).
Pranayama e sua importância
Etimologicamente, a palavra sânscrita pranayama significa domínio sobre o prâna. A maioria dos autores conceitua como a suspensão voluntária do alento, isto é, do prâna, e é o objetivo comum que todos eles apontam para os vários exercícios respiratórios, constituindo o "abre-te sésamo" para a transcendência e libertação. O venerável, Swami Vivekananda, em "filosofia yoga" (editorial Kier, Buenos Aires), narra uma parábola, ilustrando a importância do pranayama: "Conta-se que o ministro de um grande rei caiu em desgraça. Como conseqüência, o rei mandou encerra- lo na cúspide de mui elevada torre. Assim se fez, e o ministro foi relegado a ali consumir-se. Ele contava, porem, com uma fiel esposa, que à noite foi à torre e, chamando o marido, perguntou-lhe que poderia fazer para facilitar-lhe a fuga. Respondeu-lhe que na noite seguinte voltasse trazendo uma corda grossa, um forte barbante, um carretel de fio de cânhamo e um outro de fio de seda, um besouro e um pouco de mel. Muito admirada, a boa esposa obedeceu e lhe trouxe os objetos pedidos. Então o marido lhe disse que atasse a extremidade do fio de seda ao corpo do besouro, que lhe untasse os chifres com uma gota de mel e que o colocasse sobre a parede da torre, deixando-o em liberdade e com a cabeça voltada para o alto.
Assim ela fez e o besouro principiou sua viagem. Sentindo o cheiro do mel diante de si, trepou lentamente, com a esperança de alcança-lo, ate que chegou ao cume da torre. Apoderando-se então do besouro, encontrou-se o ministro na posse de um dos extremos do fio de seda. Nesta situação, disse à esposa que unisse no outro extremo fio de cânhamo e, depois que este foi puxado, repetiu o processo com o barbante e finalmente com a corda. O restante foi fácil: o ministro conseguiu sair da torre por meio da corda, evadindo-se. Em nossos corpos, continua o amado yogi Vivekananda, o alento vital é o fio de seda e, aprendendo a dominá-lo, apoderamo-nos do fio de cânhamo das correntes nervosas, destas fazemos outro tanto com o forte barbante de nossos pensamentos e finalmente apoderamo-nos da corda do prâna, com a qual logramos a libertação".
... continua (parte II)
As explicações foram retiradas do livro do professor Hermógenes, “Autoperfeição com Hatha Yoga”.