Este é o primeiro de dois textos sobre os efeitos da prática do yoga publicado no site da revista Forbes, o segundo: “A Psicologia do Yoga”, trata especificamente das mudanças psicológicas.
Julgando pelo número de esteiras de yoga que tenho visto sendo carregadas em Manhattan nos últimos 15 anos, tenho certeza de que fui a última pessoa da ilha a experimentar tal modalidade. O meu relacionamento com essa prática começou há cerca de 6 meses atrás e devo admitir que eu me apaixonei – e muito – por ela. Fiquei impressionada com as mudanças que afetaram o meu corpo e, mais ainda, a minha mente. Porém, o meu lado nerd, ligado à medicina ocidental, ainda se perguntava como exatamente isso estava acontecendo. Eu podia chutar algumas hipóteses baseadas no que eu sei sobre o corpo, mas preferi falar com alguém que realmente entendesse e estudasse esse tipo de ciência.
Stephen Cope é terapeuta e diretor do Institute for Extraordinary Living noKripalu Center for Yoga and Health em Massachusetts. Lá, ele comanda um programa intitulado “O Yoga e o Cérebro”, cujas pesquisas estudam o efeito do yoga no cérebro com ressonância magnética e outras técnicas. Cope explica que o yoga traz mudanças significativas no sistema nervoso simpático do corpo – aquele responsável por estimular ações, como de “luta ou fuga”, em resposta às situações de estresse. Todavia, como as nossas vidas hoje em dia incluem e-mails de trabalho às dez horas da noite e conversas altas no telefone da mesa ao lado, em resposta, muitas vezes, nosso corpo permanece ‘on’ quando, na verdade, não deveria permanecer. O Yoga ajuda o corpo a diminuir essa resposta ao estresse, reduzindo os níveis do hormônio cortisol, que não é somente o combustível para as nossas reações ao estresse, mas que também pode causar estragos no corpo quando está em estresse crônico. Assim, a redução do nível desse hormônio no organismo é considerada uma coisa boa.
O Yoga também aumenta os níveis de substâncias que nos fazem sentir bem, como o GABA (Ácido gama-aminobutírico), a serotonina e a dopamina, que são responsáveis por nos sentirmos relaxados e satisfeitos. Todos esses três neurotransmissores são os principais utilizados em medicamentos que controlam o humor, como antidepressivos (por exemplo, ISRSs) e ansiolíticos (anti-ansiedade). O fato do yoga estar associado ao aumento dos níveis dessas cobiçadas substâncias químicas no organismo não é nada desprezível.
Ainda há outro bônus, diz Sarah Dolgonos, doutora em medicina, que dá aulas na Yoga Society of New York’s Ananda Ashram. Ela aponta que além de suprimir a resposta ao estresse, o yoga estimula o sistema nervoso parassimpático, que nos acalma e restaura o equilíbrio depois que uma situação de estresse chegou ao fim. Quando este sistema nervoso é ativado, “o sangue é direcionado em direção a glândulas endócrinas, órgãos digestivos e circulação linfática, enquanto a frequência cardíaca e a pressão arterial são reduzidas”, diz Dolgonos. Ainda, com o sistema nervoso parassimpático em funcionamento, “o nosso corpo pode extrair melhor os nutrientes dos alimentos que comemos, e mais efetivamente eliminar toxinas, já que a circulação é aumentada. Com a ativação parassimpática, o corpo entra em um estado de restauração e cura”.
Também há um consenso que o yoga melhora o sistema imunológico, diz Dolgonos. Esse benefício provavelmente é causado devido a redução do cortisol, mencionado anteriormente: o excesso desse hormônio pode diminuir a eficácia do sistema imunológico “imobilizando algumas células brancas”. A redução do cortisol na circulação “remove a barreira para um eficaz funcionamento da função imunológica”, sendo assim, o yoga ajuda na prevenção de doenças, já que melhora a imunidade.
Vamos então nos aprofundar ainda mais nos efeitos dessa prática no organismo (paciência comigo, isso é realmente interessante). Pesquisadores descobriam que o yoga melhora a saúde, em parte, reduzindo um grande adversário do corpo: a inflamação. A inflamação crônica, mesmo em baixo grau, é responsável por uma série de problemas de saúde, de doenças cardíacas a diabetes e depressão.
Paula R. Pullen, PhD, instrutora de pesquisa da Faculdade de Medicina Marehouse, estuda os efeitos do yoga sobre a inflamação observando o que acontece nos corpos dos pacientes com insuficiência cardíaca que se matriculam em aulas de yoga. Ela mostrou que depois de serem distribuídos aleatoriamente entre yoga ou cuidados médicos padrão, os pacientes que praticavam a atividade tiveram uma melhora significativa nos níveis de biomarcadores, como a proteína C-reativa (PCR) e a interleucina-6 (IL-6). Se seus olhos ficaram paralisados, essas descobertas são bastante notáveis, já que mostram que o yoga pode realmente afetar as mais minúsculas moléculas, aquelas que são amplamente conhecidas por prever riscos de doenças graves. Pullen realça que a redução dos níveis de inflamação no corpo é extremamente importante do ponto de vista preventivo. E o yoga pode ajudar com isso. “O yoga equilibra o organismo, o sistema hormonal e a resposta ao estresse. As pessoas tendem a pensar que o yoga está apenas relacionado com a flexibilidade, quando na verdade, no sentido fisiológico se trata mais sobre reequilibrar e curar o corpo”.
Apesar de existir a milhares de anos, a ciência Ocidental está apenas começando a entender como funcionam os efeitos exercidos pelo yoga. Sendo assim, será certamente interessante acompanhar essas pesquisas, uma vez que continuará revelando o que o yoga é capaz de fazer com o corpo e com o cérebro. Fique atento para a parte II sobre os efeitos do yoga!
yogaemcasa.net
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