quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Hatha Yoga - Mula Bandha

Às vezes, ouvimos dizer que mūla bandha é a contração dos esfíncteres do ânus e da uretra. Porém, a bem da verdade, este bandha vai além de contrair esses músculos. O nome significa 'fecho da raiz'.
Mūla bandha é a técnica de elevação e ativação do assoalho pélvico. Contrai-se primeiramente a musculatura dos esfíncteres do ânus e da uretra. Depois, eleva-se verticalmente o assoalho pélvico, em direção ao plexo solar. Esta contração pode ser acompanhada pelo recolhimento dos músculos do baixo-ventre, uḍḍiyana bandha. Estimula-se assim o sistema nervoso central e o mūladhāra chakrachakra básico.

Esta técnica é sumamente importante para manter-se a concentração e o foco na prática. Ensina a Haṭha Yoga Pradīpikā: 'Praticando-se mūla bandha, atinge-se a perfeição total. Não há dúvida sobre isto.'

Toda a área do períneo é ativada e 
ligeiramente elevada com o mūla bandha

 aśvinī mudrā
Existe uma variação desta técnica, chamada aśvinī mudrā, que consiste em fazer sucessivas contrações da musculatura anal e uretral. Este exercício de contração rítmica fortalece a musculatura da base do tronco e é mais fácil que o mūla bandha, pelo que recomendamos o seu uso para aqueles que não tiverem ainda dominado esse exercício. Avśinī significa 'égua' em sânscrito. Como bons observadores da natureza, os yogis viram que o movimento deste bandha reproduzia aquele que as éguas fazem ao acabar de urinar. O nome provém dessa constatação.
Efeitos do mūla bandha
mūla bandha aumenta a potência sexual e a irrigação sangüínea na região pélvica, ajuda efetivamente no controle do orgasmo, evita a dispersão da energia sexual, mantém o equilíbrio hormonal e estimula o metabolismo dos órgãos internos. O curso natural descendente do apāna vāyu é invertido, forçando-o a elevar-se em direção ao prāṇa vāyu, na região do tórax.

Por Pedro Kupfer

Desvendando os efeitos da prática : A Psicologia do Yoga



   ·



“Este é o segundo, de dois textos sobre os efeitos da prática do yoga publicado no site da revista Forbes, o primeiro: “Desvendando os efeitos da prática: A ciência do Yoga“ examina as mudanças biológicas que o yoga produz no corpo e no cérebro.”
Tendo explorado os aspectos dos surpreendentes benefícios na área de saúde proveniente do yoga, pareceu natural mudar do objetivo para o subjetivo, e dar uma olhada no que o yoga pode fazer com a mente. Até porque, muitas pessoas dizem que, depois de terem começado a prática do yoga, se sentiram mentalmente mais fortes, mais relaxadas, menos depressivas e mais equilibradas do que antes. Caramba, sou a primeira a admitir que esta é a melhor terapia que já participei. Então, para discutir como e por que essas mudanças ocorrem, recorri a dois profissionais bem reconhecidos e experientes.
Stephen Cope, diretor do Institute for Extraordinary Living no Kripalu Center for Yoga and Health, explica que o yoga é uma forma de meditação e esse é justamente o seu poder: “O yoga oferece treinamento de atenção e de auto regulação. Na prática do yoga, estamos treinando nossa consciência para atender o fluxo de pensamentos, sentimentos e sensações do corpo – e para conviver com esses diferentes estados do corpo sem julgamento ou reatividade”.
Em outras palavras, o yoga ensina um novo tipo de atenção. As pessoas que o praticam aprendem a lidar com todos os pensamentos que induzem ao estresse que esvoaçam em torno da nossa cabeça: pensamentos negativos, preocupações, julgamentos precipitados – como o que são: apenas pensamentos, e nada mais. Considerando que a reação aos nossos pensamentos é o que tipicamente nos coloca em problema, aprender a lidar com eles e aceitá-los sem julgamento é fundamental. Então, podemos deixá-los ir, diz Cope, e “fazer escolhas sábias – não com base na reatividade a esses estados, mas segundo nossos melhores interesses”.
Essa ideia de prestar atenção aos pensamentos de uma forma imparcial é o que a meditação propõe. Essa antiga prática ganhou uma grande interesse por parte dos pesquisadores (e pessoas comuns) nos últimos anos. Cientistas têm estudado como o curso dos raciocínios podem mudar as reações e os comportamentos das pessoas, e como eles podem, literalmente, mudar a estrutura do cérebro. O treinamento de atenção e raciocínio tem mostrado fornecer grandes benefícios no tratamento de tudo, até de doenças graves. E o yoga funciona exatamente nos preparando e nos conduzindo nesse caminho.
Elena Brower, professora de yoga da Anusara, co-fundadora e dona do estúdio Virayora em Manhattan, me contou sobre suas mudanças pessoais que ela testemunhou em sua mente com a prática do yoga nos últimos 15 anos. Ela começa explicando a mudança na atenção que o yoga pode trazer: “Cada um possui dois aspectos de nós mesmos; um que está desenhado dentro de nós, super concentrado e alternadamente com medo; e outro, que é expressivo, aberto, pronto, disponível e absolutamente corajoso. Na nossa mente, o yoga ajuda a criar uma relação paciente entre esses dois aspectos. O yoga traz um nível de paciência e entendimento que eu nunca encontrei em nenhuma outra disciplina”.
Ambos especialistas concordam que há algo poderoso e fundamental sobre sincronizar a mente e o corpo como o yoga faz. Os pesquisadores também estão começando a compreender as profundezas da conexão mente-corpo. Como Cope explica, “yogis acreditam que a mente e o corpo estão ligados em todos os sentidos e, na verdade, que a mente é apenas uma forma sutil do corpo, e o corpo, por sua vez, uma forma grosseira da mente”. O que nós fazemos por um beneficia o outro. E como Browed enuncia, “quando bem alimentado, um corpo forte nos ajuda a ver os hilariantes devaneios da mente de forma mais clara”. De fato, a vida é muito mais prazerosa quando aprendemos a ver nossos pensamentos não como realidades graves a serem reagidas, mas como inofensivos, quase cômicos, como pequenas nuvens que flutuam dentro e fora da consciência.
Brower também aponta que não é necessário praticar horas a fio para colher os benefícios mentais que o Yoga pode trazer. “Mesmo 20 minutos, regularmente, muda a minha capacidade de estar presente. A minha prática diária consiste em 15 a 20 minutos de asana (posturas) e 5 a 10 minutos de meditação.”
Para pessoas que estão indecisas de tentarem pela primeira vez, Brower diz: “Saiba que pode demorar um pouco de tempo para que você encontre realmente um professor que fala com VOCÊ de um jeito que você consiga escutar mas, uma vez que você consiga isso, esteja preparado para se sentir mais forte, mais seguro e, em muitos casos, ridiculamente feliz e emocionado ao conhecer a força em seu corpo que vem com uma prática consistente”.
A questão é que, além de seus benefícios físicos óbvios, o yoga é ótimo para aqueles que estão com a cabeça em seus pensamentos o tempo todo. “Quando você tem algumas aulas de yoga na bagagem,” diz Brower, “a primeira coisa que você vai notar é o espaço entre os seus pensamentos. Literalmente, uma pausa é revelada, através da sua respiração, que lhe concede um instante de tempo entre um pensamento e outro”.
Se você está pronto para sair do emaranhado dessas infindáveis cogitações mentais, eu recomendo dar uma chance ao yoga.
Tradução: Paula Coutinho | paula.emidioc@gmail.comFonte: Penetrating Postures: The Psychology of Yoga
yogaemcasa.net

Hatha Yoga - Pranayamas parte II



Parte II
A BOA RESPIRAÇÃO DEVE SER NASAL
Dos mamíferos, o homem é o único que, por causas patológicas ou deploráveis maus hábitos, ás vezes respira pela boca. Respiração errada. O nariz não foi feito para compor um elegante perfil. Deus o pôs no meio da nossa face para com ele realizarmos sadiamente esta coisa importantíssima que é respirar. Os inconvenientes da respiração bucal são de dupla natureza: físicos e pranicos. Os de ordem física começam com a insuficiente alimentação de ar nos pulmões. Os que respiram pela boca são permanentemente martirizados por uma asfixia parcial, além de serem mais sujeitos às infecções por germes do ar. O nariz é um filtro contra poeiras. Graças à ação bactericida de seu muco, livra-nos de insidioso invasores. É também um radiador natural que aquece o ar frio do inverno, antes de chegar aos pulmões.
A dificuldade de respirar pelo nariz começa quase sempre na infância, e é quando, por tal motivo, se forma o habito de respirar pela boca. A ciência dos tatwas ensina que na pessoa sadia a respiração se faz mais fortemente por uma narina do que por outra, variando o lado de duas em duas horas. Durante duas horas, a narina direita funciona mais fracamente do que a esquerda para, depois de duas horas, mudar e então é a esquerda que mais trabalha. Não sei se a ciência ocidental já se apercebeu deste fenômeno. Isto implica em saúde e harmonia com o cosmos. As pessoas que sofrem de nariz entupido de um dos lados gozam menos saúde do que os que respiram normalmente. Por isso deveriam aprender a conservar em bom estado funcionando ambas as narinas. Das fossas nasais, a que mais freqüentemente funciona mal é a esquerda, por onde se faz a inspiração da corrente negativa THA. "Ora, diz Kerneiz (Comment Respirer; Èditions Jules tallandier, Paris), certos biologistas contemporâneos, como o doutor thijenski, consideram precisamente como uma das causas e igualmente um dos principais sintomas do envelhecimento a insuficiência de ionização negativa nos fenômenos humanos." Agora que expusemos o ônus de uma respiração defeituosa, estamos na obrigação de indicar técnicas yogues que a possam corrigir e curar.
A) Como corrigir a respiração deficiente
Como os exercícios de pranayama são quase todos executados usando somente o nariz, antes de iniciar um deles é preciso ter as fossas nasais totalmente desimpedidas.
Talvez nenhuma técnica yogi seja necessária quando se trata de uma pessoa que respira pela boca devido ao mau hábito formado em época em que, por um qualquer defeito anatômico ou fisiológico, teve dificuldade em respirar pelo nariz. Neste caso, só é preciso uma boa dose de propósito de livrar-se do habito, se é que o obstáculo anatômico ou fisiológico já foi removido. Para desobstruir uma das narinas, coloque na axila do lado oposto um volume como o de um livro, ou o punho fechado. Dentro de minutos, o desentupimento se dá. É só ter um pouco de paciência. Logo que obtiver o que deseja, desfaça a pressão, senão vai entupir a narina do mesmo lado. Se estiver na cama, é suficiente deitar-se sobre o lado desobstruído, para em poucos instantes livrar a narina que estava entupida. E ainda há quem não admita a existência dos nadis!!...
A lavagem do nariz ou vyut-krama consiste em aspirar água pelo nariz e cuspi-la pela boca. A sucção se faz mais com a faringe do que com as narinas. A água deve ser fervida, com uma solução de 7% de sal de cozinha (melhor o sal bruto) e em temperatura tépida. Às primeiras vezes a coisa é desagradável. Dá uma dorzinha que desaparece com poucos segundos.

O DIAFRAGMA E A RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA 
No mecanismo respiratório, o músculo que separa o tórax do abdômen desempenha papel relevantíssimo. Se você se deitar de barriga para cima poderá observar como o abdômen sobe e desce ao ritmo respiratório. Funciona o diafragma como uma membrana. Quando desce, intumescendo o abdômen, arrasta consigo a base do pulmão, aumentando o volume interno deste, o que produz a sucção do ar. Isto é a inspiração. Na expiração, dá-se exatamente o contrário; o diafragma, levantando-se, comprime os pulmões, expulsando o ar. Este mecanismo, tão bonito e tão sadio, com a vida sedentária, desgraçadamente, vai-se perturbando, até quase desaparecer na maioria das pessoas maduras. É como se o diafragma morresse aos pouquinhos. Resta no fim tão-somente a respiração com a parte superior dos pulmões. Mesmo entre atletas tal fato se dá. Quando querem respirar fundo para voltar à calma, levantam os braços, comprimem e intumescem de ar somente o terço superior do órgão. Fazem exatamente o oposto do que o Yoga ensina e que é a forma ideal de respirar.
O atleta ocidental inspira estofando o peito e encolhendo a barriga. O yogi inspira projetando discretamente a barriga, puxando para baixo o diafragma, enchendo, assim, não somente o ápice mas também e, mesmo antes, a base do pulmão, que é a zona mais rica em alvéolos, portanto a mais importante para a economia vital.
A morte do diafragma paralisa a movimentação da parede abdominal. Esta, por falta de exercícios, definha, não podendo mais sustentar em seus devidos lugares as vísceras, que se dilatam e caem sob a solicitação da gravidade. E a velhice muito cedo chega, com a gordura que se acumula enfeando a barriga.
A visceroptose, este deslocamento das vísceras, é corrigida mediante a respiração diafragmática que você vai aprender daqui a pouco. A respiração ocidental nega ao organismo um tesouro de benefícios decorrentes da massagem automática e natural que a respiração diafragmática promove nos órgãos internos e nas glândulas, a par de que, do ponto de vista quantitativo, trabalhando apenas com um terço do pulmão, reduz proporcionalmente a "capacidade vital". A respiração diafragmática tem sido utilizada no tratamento de moléstias cardíacas. Ela massageia com brandura e naturalidade o coração.
O professor Tirala, de Wiesbaden, é o pioneiro neste tratamento. No restabelecimento do presidente Eisenhower a respiração teve papel significativo. Massagem igual á que recebe o coração todas as vísceras recebem. No caso dos intestinos, ela é particularmente benéfica, curando a prisão de ventre, contribuindo assim para livrar o organismo das massas putrefactas. Rejuvenescimento progressivo é outro dividendo que seguramente se recolhe. A respiração abdominal também é utilizada como elemento principal em regimes de emagrecimento. Atuando diretamente nas causas da obesidade, é o mais definitivo e sadio método de emagrecimento. Depois de tudo isto saber, o leitor pode estar ansioso pelo "mapa da mina", isto é, a técnica da respiração diafragmática. Vamos a ela. Antes de qualquer outra coisa, faz-se imprescindível restaurar os movimentos naturais do diafragma, perdidos em massas de gordura, sufocados por cinturões apertados, esmagado por vísceras crescidas. Sem este exercício preliminar, nada pode ser obtido e nada deve ser tentado.
A) Ativação do diafragma
Trata-se de exercício puramente mecânico. Nele ainda não nos preocupamos propriamente com a respiração. Sentado ou em pé, tendo previamente esvaziado os pulmões, movimente a barriga para diante e para trás sob a ação do diafragma. Desde este primeiro exercício você deve habituar-se a manter sua atenção no que esta fazendo. Comece com um minuto no primeiro dia e vá acrescentando um nos dias subsequentes até atingir cinco. Não use de violência, pois poderá vir a sentir alguma dor, a qual devera passar com o repouso. Evite a prática se o estomago estiver cheio. Para maior facilidade, de pé, incline o tronco um pouco para frente, apoiando as mãos nas coxas um pouco acima dos joelhos.
B) Limpeza do pulmão
O pulmão é como uma esponja que se deve embeber, não de água, como a esponja comum, mas de ar. A cada inspiração se enche de ar que depois será lançado fora quando os músculos respiratórios se relaxem na expiração. Comumente, tanto a inspiração como a expiração não são feitas com todo o pulmão, mas apenas com um terço, assim a esponja só funciona numa sua terça parte. Que acontece com o restante? Uma coisa bem nociva: boa quantidade de ar fica estagnada, sem renovação, sujeita portanto a deteriorar-se e deteriorar o próprio pulmão e, portanto, toda a saúde.
Precisamos, portanto, aprender esta prática higiênica tão pouco conhecida e tão útil, qual seja a de expulsar do pulmão o ar residual e fermentado. Aprendemos a espremer ao máximo a esponja. Suponhamos que você já aprendeu a movimentar o diafragma. Expulse todo o ar, ajude com uma pequena tosse e complete puxando aquele músculo para cima e comprimindo a musculatura abdominal, o que será conseguido com o encolher ao máximo o abdômen como que desejando encostar o umbigo às costas. É prudente lembrar que isso não deve ser feito de estomago cheio.
C) Exercício de respiração diafragmática
Tendo readquirido a natural movimentação diafragmática, mercê de um exercício anterior, puramente mecânico, temos agora que a isto associar o movimento da respiração, coisa que, à primeira vista, parece fácil, mas que não é, devido a uns tantos desnaturados automatismos respiratórios adquiridos, bem como pela interferência perturbadora de certos estados psicológicos.
Deite-se sobre as costas, em superfície dura (no assoalho forrado), encolha as pernas, conservando os joelhos altos e juntos, mas os pés afastados. Descanse a mão sobre o abdômen, afrouxando todos os músculos. Proceda à limpeza do pulmão. Assim, o abdômen deve estar retraído ao Maximo e assim o conserve até que se sinta "impulsionado" a inspirar, quando então o abdômen tende a expandir-se. Agora então solte-o e deixe o ar entrar.
Concomitantemente, o abdômen se eleva, arrastando o diafragma, que por sua vez puxa a base do pulmão, e dessa forma o ar que entrou pelas narinas vem encher este órgão. Para a exalação, novamente o abdômen se abaixa, suspendendo o diafragma, enquanto para fora vai o ar. "Durante o processo, o abdômen é o único que se movimenta, já que o peito permanece praticamente imóvel. Mas este movimento do abdômen, repetimos, quando se consegue fazer corretamente o exercício, não é a própria pessoa (eu consciente) quem dirige e aciona. É obra exclusiva do diafragma (mente instintiva), o qual o praticante deve limitar-se a seguir com atenção em sua natural, livre e espontânea movimentação. Em realidade, não é a pessoa quem faz o exercício respiratório, mas é a própria vida que nele respira, limitando-se a pessoa a permitir, observar e seguir com atenção o processo natural de respirar que em seu interior tem lugar." (A. Blay, "Hatha Yoga"; Editorial Ibérica, s.a.; Barcelona.) Esse exercício pode ser realizado sem restrições. Qualquer pessoa sadia ou enferma, jovem ou idosa, pode praticá-lo e na dosagem que desejar.
Para os melhores resultados, deve o praticante observar que: a) Às narinas não cabe puxar o ar. Se há alguma solicitação do ar, esta cabe àquela área posterior ao nariz e anterior à faringe, lugar aproximado da glândula pituitária. O nariz é a entrada natural do ar, pois esta aparelhado para filtrá- lo, purificá-lo e aquecê-lo. A respiração pela boca, só em raros exercícios. Mas no exercício presente o nariz serve de passagem tão-somente. À sua passagem, o ar fresco estimula e esfria a mucosa e ao ser expelido vem aquecê-la.
b) A respiração é calmíssima. Uma pessoa profundamente adormecida dá-nos uma ideia daquilo que devemos realizar.
c)Depois de certo progresso na técnica, as pernas podem ficar estendidas, e não mais flexionadas, aproximando-se daquilo que se denomina relaxamento completo, objeto de estudos adiante feitos.
d) Sua atenção alerta e ininterrupta deve acompanhar a suave e profunda ondulação do ventre, o entrar-e-sair do alento. Dizemos alento e não ar atmosférico, pois, a partir daqui, cada vez que inspirarmos (puraka) devemos mentalizar o prâna, que é vida, paz, saúde, energia, alegria, enfim, tudo de que precisamos para sermos felizes. 
e) Bem dissemos que a atenção deve acompanhar, pois o praticante somente experimentará as sensações de descanso, liberdade, espontaneidade, leveza, alegria e paz se se abandonar à vida que nele penetra, sem interferir voluntariamente no processo. Deve deixar que a respiração, vinda do plano profundo do eu, chegue à superfície e se harmonize no plano consciente.
f) Esta pratica lhe será proveitosa: 1) no relaxamento; 2) ao deitar-se para dormir; 3) nos momentos de tensões e conflitos emocionais; 4) quando se sentir mentalmente cansado; 5) na fase preparatória de qualquer trabalho intelectual.
g) As pessoas que se acham presas à cama podem e devem praticar a respiração abdominal. Isto só lhes prestará benefícios. h) O bom êxito depende da correta posição do corpo, do relaxamento e da atitude mental. Efeitos psicológicos: Tranquilização de crises emocionais; correção da habitual divagação mental; sensação de vivência deliciosa e profunda. Cura insônias. Efeitos fisiológicos: repouso geral, especialmente para os sistemas nervosos cerebrospinal e vago simpático; perfeita irrigação sanguínea; regularização de todas as funções vegetativas, com a mais profunda pranificação do corpo sutil.
RESPIRAÇÃO COMPLETA
Estamos agora em condições de aprender e praticar a respiração completa, desde que já aprendemos a respiração abdominal automática. Naquela deixamos que a coisa acontecesse. Agora vamos dirigir o processo. Se até então apenas trabalhava um terço do pulmão, agora vamos forçar a ação de todo ele.
Nesta forma de respirar, todos os níveis da personalidade participam, desde os planos mais profundos aos superficiais. Agora, voluntariamente atuando com os músculos respiratórios, o praticante vai fazer o pulmão trabalhar em sua total capacidade, o que se não deve entender como uma respiração forçada a ponto de quase arrebentar com a exagerada pressão interna causada pela super ventilação, o que só tem acarretado distúrbios nervosos e pulmonares. Suavidade é uma das características marcantes de todo exercício yogi e este não é uma exceção. Posto que se conduza mentalmente a inspiração, não quer dizer que ela seja um bombeamento desmedido de ar. Ela é mais o resultado de um impulso que vem do fundo de nós mesmos. Normalmente, isto é, respirando somente com um terço do pulmão, o homem não tem a saúde e a energia que teria se respirasse com o órgão todo. É isto que vamos ensinar aqui. Aprendemos a respiração completa. Ela envolve a base, a parte média e o ápice pulmonares, segundo três fases, precedidas pela limpeza completa, isto é, com o "espremer-se" totalmente a esponja pulmonar.
Terminada a limpeza, o abdômen deve estar recuado e a massa pulmonar, sem qualquer ar. É como um vazio que tende a ser preenchido. Execução. - Pode ser descrita em três fases. Na primeira, é abdominal ou diafragmática, portanto, quando perfeita, deve ser automática, espontânea e nela a mente e a vontade apenas figuram como testemunhas. As duas outras, ao contrário, são fases voluntárias, quer dizer, mentalmente comandadas. Deve-se praticar de pé ou sentado, com a coluna vertebral perfeitamente colocada em suas curvaturas naturais, o que se consegue mantendo o tronco erecto, sem constrangimento.
Assim, com todo o corpo relaxado, limpe totalmente os pulmões. Permaneça sem o ar por alguns segundos, como que criando a necessidade de inspirar. Depois comece. É bom que evite violências e dosagem além da que seria prescrita. Nada faça sem estar bem atento para todos os movimentos.
Não desanime com as naturais dificuldades de começo. Siga fielmente a descrição do exercício... e.... bom proveito!...
1a fase - Respiração abdominal. - Aproveite o impulso que vem de dentro, liberte o abdômen que vai para frente, deixe entrar livremente o ar, o qual acentua o movimento abdominal. Com isto ficará cheia toda a base pulmonar. Os erros que se devem evitar são: 1) não simultaneidade entre o inspirar e o projetar o abdômen; 2) forçar demasiadamente a barriga para a frente, julgando que assim faz caber maior dose de ar. O avanço do abdômen se faz ao mesmo tempo que a inspiração e desta é a causa.
2a fase - Respiração mediana. - Tendo o ar preenchido a base do pulmão, devera encher-se agora a parte media, e isso será facilitado com o alargamento das costelas de parte mediana do tórax, num aumento lateral do volume torácico. É possível que o principiante sinta dificuldades, em virtude do estado de atrofia em que tem seus músculos respiratórios, depois de tantos anos de respiração mesquinha. Exercite-se colocando as mãos nas costelas e procure sentir que elas se alargam.
3a fase - Respiração subclavicular. - Depois de bem alimentadas de ar a base e a parte media, resta fazer o mesmo com o ápice do pulmão o que se consegue erguendo suavemente os ombros. Concomitantemente, o abdômen, que permanecia avançado, volta à sua posição normal. A expiração faz-se de maneira inversa, como que esprememos a esponja pulmonar, a partir de cima até embaixo. Para isto, solte inicialmente a pressão reinante no ápice, depois na parte media e, finalmente, pela contração e sucção abdominal, expila todo o ar, igualzinho como faz na "limpeza dos pulmões". Tanto a inspiração como a expiração se processam cada uma como um movimento único e uniforme apesar de ser triplo, como vimos. Quando perfeita, a inspiração é uma lenta, uniforme, ininterrupta e harmoniosa ondulação que, a partir do ventre, movimenta todo o tronco. O mesmo se pode dizer da expiração.
Efeitos fisiológicos.
Massageando o coração, rejuvenesce-o e o estimula; evita a prisão de ventre; equilibra o sistema endócrino; vitaliza o nervoso; desenvolve e tonifica todo o aparelho respiratório; melhora o funcionamento do estomago, vesícula, pâncreas, baço, rins e fígado. Melhora a qualidade do sangue pela maior eliminação do gás carbônico e absorção de oxigênio, beneficiando portanto o estado de todos os órgãos e tecidos, desenvolvendo sensivelmente a resistência e a defesa orgânica, aumentando notavelmente a energia. Somente os resultados colhidos e observados em si próprio indicarão ao praticante os lucros que auferiu. Destes, um interessa particularmente às pessoas gordas: emagrecimento sem fome, sem drogas nem torturas. Na opinião de Yesudian, é uma garantia contra a tuberculose.
Efeitos psicológicos. 
Aumenta em muito a energia psíquica. Desenvolve autoconfiança, autodomínio e entusiasmo para viver. Proporciona qualidades psicológicas invulgares não só como decorrência das melhores fisiológicas, como também porque proporciona uma bem maior assimilação de prana com mais completo aproveitamento de suas riquíssimas possibilidades.
Pela tranquilização da mente, pela purificação dos nadis e pela ativação dos chakras, é caminho para as mais sublimes conquistas espirituais.
Atitude mental. - Ao tomar a posição para o exercício, esteja convencido de que vai harmonizar-se com a Fonte de Vida, com o Alento Cósmico, que tudo mantém. É um tesouro e é seu. Não pense como o homem comum que respirar é somente oxigenar o sangue. É muito mais que isso. É pranificar-se. Nas primeiras tentativas, concentre-se sobre os movimentos musculares acima descritos, mas, logo que estes se fizerem correta e espontaneamente, concentre-se no prana e naquilo de bom que a respiração lhe oferece. Durante a inspiração, visualize tão nitidamente quanto puder que é invadido por multidões de minúsculas bolinhas diamantinas e luminosas que lhe trarão benefícios mentais, psíquicos e fisiológicos; sinta-se como bebendo na fonte da vida. Terminada a inspiração, conceba na imaginação que todo aquele prana se espalha pelo corpo, fixando-se em toda a parte, vivificando tudo. Ao expirar, convença-se de que lança fora toda a impureza, toda a fraqueza, toda a causa de sofrimento e inferioridade, aliviando-se assim do que exista de deletério em sua unidade psicossomática.
As Explicações foram retiradas do livro do professor Hermógenes, “Autoperfeição com Hatha Yoga”. 

Hatha Yoga - Pranayamas Parte I


Pranayama
Respiração
A ciência ocidental considera a respiração tão somente fenômeno fisiológico, mercê do qual o organismo utiliza o oxigênio do ar a fim de com ele efetuar as transformações químicas necessárias para que o sangue possa distribuir "nutrição" a todas as células. Parar de respirar e o mesmo que morrer. Para a ciência yogi a respiração, no entanto, é muito mais do que um fato fisiológico. É também psicológico e prânico. Em virtude de fazer parte dos três planos - fisiológico, psíquico e prânico -, a respiração é um dos atos mais importantes de nossa vida. É por seu intermédio que logramos acesso a todos eles. Por outro lado, é ela o único processo fisiológico duplamente voluntário e involuntário. Se quisermos, podemos acelerar, retardar, parar e recomeçar o ritmo respiratório. É-nos possível fazê-la mais profunda ou superficial. No entanto, quase todo o tempo, dela nos esquecemos inteiramente, deixando-a por conta da vida vegetativa.
Graças a isto, a respiração é também a porta através da qual poderemos um dia, a custa de aprendizado, invadir o reino proibido do sistema vago simpático. É principalmente graças a ela que um yogi avançado consegue manobrar fenômenos fisiológicos até então refratários a qualquer gerência. A psicanálise pôs ás claras a existência de um eu profundo, uma personalidade inconsciente, que estruturada com impulso e tendências instintivas, procura manifestar-se, pressionando, lá do nível desconhecido e misterioso de cada um de nós. Uma outra personalidade, que meridianamente cada um se reconhece ser, é estruturada á base de comportamentos aprendidos e socializados. Esta dicotomia alimenta um estado de tensão permanente. Pois o eu consciente, vigilante, teme e sufoca a livre expressão do eu profundo. Este, na interpretação de Freud, feio, erótico e anti-social, é alimentado pelas freqüentes repressões a que o eu consciente o submete. Do eu profundo o que podemos dizer é que ele é desconhecido e rebelde ao controle, mas não podemos concordar que seja apenas sujeira e negrume.
Podemos dizer, isto sim, que as energias que consigo guarda, e que, no homem vulgar, são desconhecidas pelo eu consciente, têm sido apenas temidas e recalcadas. Submetidas, mas não vencidas, permanecem, no entanto, criando conflitos e, como uma mola comprida, são perigosamente capazes de vencer o controle e soltar-se, muitas vezes, desastrosamente. Visando à unificação da personalidade, por meio de auto-análise e da psicanálise, tentativas são feitas no sentido de um "tratado de paz e mutua colaboração" entre estes dois partidos que dividem o "reino interno" do homem.
A respiração é um meio certo de obter essa unificação ou yoga.
Há em cada homem duplo ritmo respiratório. Um ligado à vida de relação ou consciente e o outro à atividade inconsciente e vegetativa. A primeira, que todos conhecem, é superficial, e a outra, profunda. Aquela se liga às atividades conscientes, características do eu superficial e consciente, e esta é própria dos mecanismos inconscientes e involuntários, ligada portanto ao eu profundo. A integração que se atinge no plano respiratório é estendida ao plano psíquico, mercê da integração dos dois sistemas nervosos: cerebrospinal e simpático. Consegue-se isto com a prática da respiração integral, que, começando como respiração superficial, se vai progressivamente aprofundando até a meta final. Desde já, porém, não se deve entender como respiração profunda apenas o inspirar sob grande esforço com o fim de encher ao Maximo o pulmão.
A) Aspecto psíquico da respiração
Para melhor evidenciar a natureza psíquica da respiração, basta considerar as alterações rítmicas funcionais que concomitantemente ocorrem com as alterações psíquicas. Na inquietude mental e emocional observa-se a respiração acelerada. Torna-se lenta nos estados em que nos achamos física, mental e emocionalmente tranquilos. Se nos envolve um conflito entre duas tendências ou desejos antagônicos, ela se faz irregular ou arrítmica. Se, no entanto, nos encontrarmos integrados, livres de contradições psíquicas, respiramos compassadamente. Reciprocamente, quando, pelos exercícios respiratórios, voluntariamente controlamos a respiração, tornando-a lenta, induzimo-nos necessariamente à tranqüilidade emocional e mental. Ritmando-a, estabelecemos a paz entre a mente, a vontade e os impulsos antes contraditórios e opostos.
B) A respiração como fenômeno prânico
Ao tratarmos do corpo prânico chegamos a ver a respiração como o meio de que ele se serve a fim de suprir-se de energia prânica. Cremos já ter dito o suficiente. Vimos já a importância da respiração como fenômeno polarizado, absorvendo a energia positiva --- HA e a negativa Tha. Energias estas que vão vivificar os chakras e circular pelos vários nadis.
Pelo exposto, torna-se claro que, controlando voluntariamente a respiração, ritmando -a, aprofundando-a, dirigindo-a, polarizando-a, o homem vai obtendo acessos a seus diferentes níveis - psíquico, fisiológico, prânico, podendo então integrá-los em seu proveito.
C) As fases da respiração
A respiração yogi se faz segundo três fases: puraka, ou inspiração; kumbhaka, ou retenção; rechaka, ou expiração. Conforme sabemos, quando inspiramos apenas pela narina esquerda, terminal do nadi id, absorvemos prâna negativo (THA) e quando o puraka se faz pela narina direita, onde termina o nadi píngala, incorporamos prâna positivo (HA).
Pranayama e sua importância
Etimologicamente, a palavra sânscrita pranayama significa domínio sobre o prâna. A maioria dos autores conceitua como a suspensão voluntária do alento, isto é, do prâna, e é o objetivo comum que todos eles apontam para os vários exercícios respiratórios, constituindo o "abre-te sésamo" para a transcendência e libertação. O venerável, Swami Vivekananda, em "filosofia yoga" (editorial Kier, Buenos Aires), narra uma parábola, ilustrando a importância do pranayama: "Conta-se que o ministro de um grande rei caiu em desgraça. Como conseqüência, o rei mandou encerra- lo na cúspide de mui elevada torre. Assim se fez, e o ministro foi relegado a ali consumir-se. Ele contava, porem, com uma fiel esposa, que à noite foi à torre e, chamando o marido, perguntou-lhe que poderia fazer para facilitar-lhe a fuga. Respondeu-lhe que na noite seguinte voltasse trazendo uma corda grossa, um forte barbante, um carretel de fio de cânhamo e um outro de fio de seda, um besouro e um pouco de mel. Muito admirada, a boa esposa obedeceu e lhe trouxe os objetos pedidos. Então o marido lhe disse que atasse a extremidade do fio de seda ao corpo do besouro, que lhe untasse os chifres com uma gota de mel e que o colocasse sobre a parede da torre, deixando-o em liberdade e com a cabeça voltada para o alto.
Assim ela fez e o besouro principiou sua viagem. Sentindo o cheiro do mel diante de si, trepou lentamente, com a esperança de alcança-lo, ate que chegou ao cume da torre. Apoderando-se então do besouro, encontrou-se o ministro na posse de um dos extremos do fio de seda. Nesta situação, disse à esposa que unisse no outro extremo fio de cânhamo e, depois que este foi puxado, repetiu o processo com o barbante e finalmente com a corda. O restante foi fácil: o ministro conseguiu sair da torre por meio da corda, evadindo-se. Em nossos corpos, continua o amado yogi Vivekananda, o alento vital é o fio de seda e, aprendendo a dominá-lo, apoderamo-nos do fio de cânhamo das correntes nervosas, destas fazemos outro tanto com o forte barbante de nossos pensamentos e finalmente apoderamo-nos da corda do prâna, com a qual logramos a libertação".
... continua (parte II)
As explicações foram retiradas do livro do professor Hermógenes, “Autoperfeição com Hatha Yoga”. 

Gayatri Mantra

Por Érica Ribeiro
Fonte de Pesquisa: Humaniversidade / Otávio Leal

Gayatri Mantra é um dos mais  poderosos que se possa recitar, é o mantra da Iluminação. Ele atua em todos os aspectos do Ser, desde o mais sútil até a matéria.

Recomenda-se recitar o Gayatri Mantra todos os dias, com reverência e com a mente voltada ao Divino. Por ser um Mantra que exerce profundos efeitos na consciência é necessário um tempo de disciplina (Sadhana*), para que seus efeitos possam surgir. As mudanças serão benéficas e duradouras.




Om
Bhur Bhuvah Svah
Tat Savitur Varenyam
Bhargo Devasya Dhimahi
Dhiyo yo Naha Prachodayat

A Pronúncia do Mantra

Om Burbu vaa suaa
Tatsa vitur varenn iammm
Bargooo de-vassia dii-marriii
dioio naa pratcho daiat

                                                                 ॐ  ॐ ॐ                                                                                   
                                                                                                    
Om – a mãe/o pai de toda a eternidade; O som da manifestação;
Bhúr – a mãe Terra, o planeta Terra, o plano físico;
Bhuva – o éter, a atmosfera, o plano astral;
Svah – o céu, os planos não-materiais celestes, conhecidos como angélicos ou devas;
Tat – “aquele”, nossa alma, a transcendência do ilusório e do triunfo;
Savitur – o poder da luz, o abstrato, a vida presente em tudo, a nutrição;
                                                                ॐ  ॐ ॐ                                                                                                      

Varenyam – adoração por tudo;
                                                                ॐ  ॐ ॐ                                                                                                       

Bhargo – a irradiação da consciência da vida,a eliminação dos maus karmas e o acúmulo de                méritos;
Devasya – todos os seres, a nossa iluminação e a aceitação do que se é;
Dhimahi – meditação, domínio;
Dhyo – corpo, austeridade;
Yo – alma, consciência;
Nah – totalidade, criação;
Prachodayat – iluminação e compaixão.




*Sadhana ; O caminho interior; Caminho espiritual; Resgatar o Divino em nós.

Yoga e Didática


Por Marcos Rojo
PRINCÍPIOS PARA A COMPOSIÇÃO DE UMA SÉRIE DE YOGA
Assim que decidimos praticar por conta própria, ou seja, sem a condução de um professor, vem a primeira pergunta: “O que devo fazer?” Imediatamente parece que tudo o que aprendemos foge da nossa memória e não nos lembramos mais do que uma dúzia de exercícios. Na verdade, tudo está guardado na nossa cabeça, apenas não temos o hábito de ir buscar. 
É importante fazer o que você gosta e o que você precisa. Nem sempre, gostamos do que precisamos. Pense numa pessoa agitada, que se deita para fazer 5 minutos de relaxamento e compare-a com outra pessoa que é concentrada e silenciosa por natureza. Qual das duas precisa mais do relaxamento? Qual delas gosta mais de relaxar?
Fazer os exercícios que gostamos nos dá uma sensação de prazer na prática e isto nos motiva. Fazer o que precisamos, numa dose aceitável para não tornar a prática desagradável, até que um dia, o exercício difícil também fique fácil e prazeroso.
Existem algumas normas para a escolha das técnicas de yoga para compor uma série. Fazer pelo menos um de cada:
• Flexão da coluna - exercícios onde inclinamos o tronco para frente ou aproximamos o tronco das coxas. Neles, alongamos os músculos posteriores do corpo.
• Extensão da coluna – exercícios onde inclinamos o tronco para traz ou distanciamos o tronco das coxas. Neles, alongamos os músculos anteriores do corpo.
• Inclinação lateral da coluna – exercícios onde o corpo se inclina lateralmente com relação a seu eixo, alongando os músculos laterais do corpo.
• Torção ou rotação da coluna – exercícios onde o corpo gira em seu próprio eixo, alongando a maioria dos músculos do tronco.
• Exercícios de fortalecimento da região abdominal – exercícios que para a sua realização exigem a ação da musculatura do abdome.
• Exercícios de equilíbrio – exercícios que para sua realização colocam o corpo em situação de equilíbrio vulnerável. Como ficar num pé só, quando na posição em pé.
• Posições invertidas – aquelas em que o quadril fica numa posição mais elevada do que a cabeça ou as pernas numa posição mais elevada do que o quadril.
 Pranayamas – exercícios que tem como ponto principal a interferência no padrão rítmico respiratório. Devem ser feitos numa posição de meditação.
• Meditação – técnicas que visam disciplinar a ação desordenada e excessiva dos pensamentos.
Tendo escolhido os exercícios, a segunda questão importante para a composição da série, é a determinação de uma ordem. Uma seqüência de exercícios de yoga, deve seguir princípios comuns às teorias de aprendizagem:
 Do fácil para o difícil – antes de ler um livro, devemos aprender o alfabeto. Algumas posturas são difíceis para uns e fáceis para outros. No caso do yoga é importante destacar que fácil e difícil, não é uma referência à ação muscular ou ao desenvolvimento de uma habilidade com o corpo. Que o sentido do fácil para o difícil é o mesmo que do grosseiro para o sutil; do concreto para o abstrato; do corpo para a mente, do dinâmico para o estático e do asana para a meditação. Se não aprendermos a aquietar o corpo, não aquietaremos a mente. Patanjali deixa bem claro que os asanas preparam o praticante para os pranayamas e os pranayamas levam o praticante à concentração.
 Preparação – a maioria de nossas atividades é precedida de uma preparação. Em yoga, o sentido de preparação não é sinônimo de aquecimento. Aquecimento é um termo importado da educação física, mas que tem outros conceitos. Alguém aquece o corpo para se preparar para movimentos explosivos, o que não é o caso do yoga, ou pelo menos não deveria ser. Nos preparamos para uma prática de yoga com relaxamento ou recitando a sílaba “OM”, por exemplo. Caso na sua série tenha exercícios mais dinâmicos, inclua-os como preparatórios e deixe os mais estáticos para o final.
 Complementação – exercícios que atuam na mesma região, mas em sentido contrário, devem ser considerados complementares. Após torcermos para um lado, faremos a mesma torção para o outro lado, mas nem sempre pensamos nisto no caso da flexão e extensão, por exemplo. A postura da vela e peixe, são complementares, assim como também o são o arado e a cobra, por exemplo. O sentido de complementação, não é o mesmo da compensação da educação física. Aqui, estamos falando da otimização do efeito dos exercícios. Pela suavidade e leveza com que os asanas devem ser praticados, a idéia da compensação não faz sentido. Lembre-se que estamos nos referindo à prática tradicional do yoga. Talvez linhas mais dinâmicas não se encaixem nestes princípios.
• Posição inicial – como a prática de yoga prevê concentração, é interessante que o praticante não fique mudando o tempo todo de posição. Ou seja, se estiver em pé, se possível faça todas as posturas em pé que você planejou, quando se deitar, faça as deitadas e assim por diante.
Tendo escolhido os exercícios e a ordem na qual serão praticados, a próxima questão importante é a forma como vamos praticar, sem as quais a prática poderá perder seu sentido e objetivo.

Aspectos individuais que caracterizam a prática de Yoga:
Ritmo – Cada um deve executar os movimentos que o levam até a postura e o trazem de volta no seu próprio ritmo. Um não deve copiar o ritmo do outro. O ritmo varia de movimento para movimento, de pessoa para pessoa e de dia para dia. Em Yoga, o ritmo é a velocidade constante do início ao fim que se determina para um movimento, que possibilite controle e que seja agradável. No mínimo, o ritmo é um movimento observado. Por traz do ritmo, está a idéia de controle. O ritmo garante a qualidade da concentração durante a prática. Movimentos feitos com impulsos e solavancos distraem o praticante.
Amplitude - É a mobilidade (articular) associada à flexibilidade (muscular) que permite ao praticante movimentar-se até determinados limites. Em Yoga a amplitude não é o máximo possível, mas é o máximo confortável. Talvez uns 85% do máximo possível. Cada um deve executar os movimentos na sua amplitude sem ter uma referência externa, ou seja, o padrão de execução é interno. O que deve orientar o praticante com relação à amplitude é uma sensação. Numa aula em grupo, independentemente do limite, todos devem ter a mesma sensação. Por traz da amplitude está a idéia de reconhecimento de limites, de verdade e de auto-conhecimento.
Permanência – É mais do que a simples capacidade de se manter no asana (postura). Permanência é um estado de presença. Estar presente significa estar consciente da maior quantidade possível de informações que chegam ao sistema nervoso central naquele momento. Manter-se na postura pensando no que vai fazer mais tarde ou se lembrando do que lhe aconteceu ontem, é ausência. Os que não conhecem Yoga, podem confundir o estado de presença com um estado de ausência, achando que no momento em que o praticante se encontra imóvel numa determinada postura, que no seu silêncio, ele está fora, mas nunca esteve tão dentro.
Descanso – É o tempo necessário entre uma técnica e outra, onde praticante observa o efeito do que foi realizado. Não é simplesmente para descansar, é o momento em que escutamos. Neste diálogo entre o corpo e a mente, durante a execução do exercício nós “falamos” e durante o descanso, nós “ouvimos”. Por traz da idéia do descanso, está a manutenção da capacidade de se perceber. Hoje em dia nós falamos muito e ouvimos pouco. Temos que desenvolver a observação passiva.
Série – Com o tempo, cada um vai reconhecendo o efeito das técnicas em si mesmo, desenvolvendo a capacidade de aplicá-las às suas necessidades do momento. Não faz sentido para um praticante antigo, que alguém lhe diga o quanto deve ficar numa postura, ou mesmo, quais as posturas que ele deve fazer naquele dia. O corpo nos diz se precisamos mais de relaxamento, mais de alongamento posterior ou anterior, basta que cada um saiba perceber.
Para concluir, lembre-se que um dos princípios da prática dos asanas é a estabilidade e um dos sinônimos de estabilidade é a imobilidade. Porém, não confunda imobilidade com inatividade. A atividade que mantém você imóvel é a atividade que nos interessa em Yoga. A coordenação dos impulsos neuro-musculares para manter o praticante imóvel com o menor esforço possível, exige treino. É como um peãozinho daqueles que brincávamos quando crianças. À distância parece imóvel, tal é o equilíbrio em que se encontra, mas existe uma atividade por traz desta aparente imobilidade e esta atividade é Yoga.

Para os que pensam em ensinar yoga

YOGA E DIDÁTICA
Didática significa técnica de ensino ou o estudo da técnica para orientar a aprendizagem. Em outras palavras, é a elaboração de recursos e estratégias por parte daquele que ensina, para que sua instrução possa ser claramente compreendida. Por sua vez, ensinar significa transmitir conhecimento ou no mínimo, organizá-lo de tal forma, que o aluno possa resgatar o que já lhe pertence, mas que ainda não se tornou visível, em palavras populares: “fazer cair a ficha”.
Gostamos de nos intitularmos professores de yoga, sem nos darmos conta do peso deste título. Professor é aquele que ensina e por traz da palavra educação está a idéia de auto conhecimento, liberdade e autonomia. Professor não é um demonstrador, demonstração é um recurso que às vezes pode ser útil. Professor não é o reprodutor de uma série e nem àquele que condiciona seus alunos a seguir seu comando.
Os antigos textos do Hatha Yoga, não fazem referências sobre didática, os discípulos moravam junto com mestre, partilhando o saber daquele que já havia passado pela experiência. Seguramente o mestre não reunia seus discípulos na clareira da floresta para conduzir uma prática de yoga como nos dias de hoje, com tom de voz brando, falando o tempo todo para elevar um braço, flexionar uma perna ou girar o tronco.
Nós “professores” de yoga, dizemos que ensinamos, mas, muitas vezes, condicionamos nossos alunos a seguirem nosso comando, sem darmos a eles a oportunidade de experimentarem o prazer de uma prática auto-comandada. Meu primeiro pensamento a este respeito veio numa aula na Universidade de São Paulo, quando pedi aos alunos que relaxassem e depois de 3 minutos em silêncio, uma senhora me disse que não estava ouvindo. Eu respondi a ela que não estava falando e ela retrucou, dizendo: “Então como vou relaxar se você não vai conduzir?”
Penso que temos que criar momentos durante a aula, onde o aluno se sinta o dono de sua prática. Que ele tenha a oportunidade de seguir o comando interno que dirá a ele naquele dia, qual é o ritmo adequado, qual é o limite correto, quanto de permanência para tal exercício e com o tempo de prática, que ele consiga inclusive, determinar qual a série mais indicada para as suas necessidades.
A aula conduzida tem características diferentes da prática em casa, o aluno perceberá que nas aulas em conjunto ele aprende e tem experiências que o orientarão posteriormente nas práticas individuais. Engana-se o professor que acha que vai perder o aluno, quando este começar a fazer Yoga em casa, sozinho. Este aluno vai sempre sentir a necessidade de um contato com o grupo e com o professor. Nós perdemos o aluno que começa a praticar menos, aquele que pouco se envolve com as práticas. 
 
Resumo da aula dada pelo professor Marcos Rojo no curso de didática em Yoga.

A relação da música Gita de Raul Seixas com o Bhagavad-Gita


Artigo/fonte: jayvaquer.com
foto/fonte: Google




Os três principais livros sagrados da Humanidade são : a Bíblia, com cerca de mil anos de tradição da História do Cristianismo. Depois temos o Tao-Te-King (Lao-Tse) da China, datado aproximadamente de 600 anos antes de Cristo. E finalmente o Bhagavad-Gita, datado de aproximadamente 6 mil anos antes de Cristo e com o maior número de fiéis na face do Planeta. O Bragavad-Gita faz parte do Mahabarata. E foi no Bragavad-Gita que Raul Seixas e Paulo Coelho se inspiraram para compor a música Gita.

Segunda a tradição, o Senhor Krishna inicialmente o Bragavad-Gita ao deus Sol algumas centenas de milhões de anos atrás. Essa tradição foi sendo passada de iniciado para iniciado através dos séculos, mas acabou se perdendo. Finalmente o Senhor Krishna teve que retransmitir a mensagem ao guerreiro Arjuna, no campo de batalha de Kuruksetra. Arjuna estava muito angustiado porque teria que combater contra seus próprios irmãos, sua própria família. E nesse desespero pergunta ao Senhor Krishna quem era afinal o próprio Senhor Krishna, que o tinha colocado numa situação daquelas.

E o senhor Krishna responde. Evidentemente a resposta é extremamente extensa. O livro todo conta a história desse diálogo entre o Senhor Krishna e o guerreiro Arjuna. Raul Seixas e Paulo Coelho representam a resposta do Senhor Krishna a Arjuna assim:

.............I
Às vezes você me pergunta
Por que eu sou tão calado.
Não falo de amor quase nada
E não fico sorrindo ao teu lado.
Você pensa em mim toda hora
Me come , me cospe , de deixa.
Talvez Você Não Entenda,
Mas hoje eu vo lhe mostrar:

.............II
Eu sou a Luz das Estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar
Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O Blefe do jogador
Etc...

É interessante observar que na cultura oriental a Divindade é composta da União entre o Bem e o Mal. Bem diferente é da nossa cultura, que busca eliminar o Mal , o lado negativo da vida. Deus para os Orientais não é somente composto das coisas boas. Mas também do medo , da cegueira da visão, da miséria, da dor , do sofrimento, etc. No final da música O Trem das 7, nós temos novamente essa belíssima imagem da Unidade da Divindade, quando Raul diz: Ói, olha o céu, já nao é o mesmo céu que você conheceu , não é mais. Vê , ói que céu , é um céu carregado e rajado, suspenso no ar... Ói, olha o Mal, vem de Braços e Abraços com o Bem num Romance Astral. Em todos os sentidos, Raul Seixas propôs uma Nova Cultura. Que ele chamou Sociedade Alternativa. Mas , vejamos o texto original de Bragavad-Gita:

Eis o trecho do célebre livro que narra o diálogo entre o príncipe-guerreiro Arjuna e o Senhor Krishna, acontecido no campo de batalha de Kuruksetra, na Índia, há mais de 3 Mil anos:

Disse Arjuna: Você é o Brahman Supremo, o último, a suprema morada e o supremo purificador; a Verdade Absuluta e a pessoa divina eterna. Você é o Deus primordial, transcendental e original, e Você é a beleza não nascida e todo-penetrante. Todos os grandes sábios como Nãrada, Asita, Devala e Vyãsa proclamam isto de Você, e agora Você Mesmo me declara isto.

(Cap.10 - texto 16): Por favor, fale-me detalhadamente dos Seus poderes divinos pelos quais Você penetra todos estes mundos e mora neles.

(Texto 17): Como devo meditar em Você? Em que diversas formas Você deve ser contemplado, ó Bem-Aventurado Senhor?

(Texto 18): Fale-me outra vez detalhadamente, ó , Janãrdana (Krishna) de Suas poderosas potências e glórias, pois nunca me canso de ouvir Suas palavras ambrosíacas.

Responde Krishna:

(Texto 19): O Bem-Aventurado Senhor Disse: Sim , Eu lhe falarei de Minha manifestações esplendorosas, mas somente das que são proeminentes , ó Arjuna, pois Minha opulência é ilimtada.

Dos ádityas Eu sou Visnu, das luzes eu sou o Sol radiante , dos Marutas Eu sou Marici, e entre as estrelas eu sou a lua.

Dos Vedas Eu sou o Sãma-Veda; dos semideuses eu sou Indra; dos sentidos Eu sou a mente e nos seres vivos eu sou a força viva (conhecimento).

De todos os Rudras Eu sou o senhor Siva; dos Yaksas e Rãksasas Eu sou o senhor das riquesas (Kuvera) ; dos Vasus Eu sou o fogo (Agni) , e das montanhas Eu sou o Meru.

Ó Arjuna, dos sacerdotes saida que Eu sou o principal, Brhaspati, o senhor da devoção. Dos generais Eu sou Shanda , o senhor da Guerra; e dos copos d`água Eu sou o oceano.

Dos grandes sábios Eu sou Bhrgu; das vibrações Eu sou o om transcendental. Dos sacrifícios Eu sou o cantar dos santos nomes (Japa), e das coisas imóveis Eu sou os Himalaias.

De todas as árvores, Eu sou a figueira sagrada , e entre os sábios e semideuses Eu sou Nãrada. Dos cantores dos deuses (Gandharvas) Eu sou Cytraratha, e entre os seres perfeitos Eu sou o sábio Kapila.

Saiba que dos calavos Eu sou Uccaihsravã, que surgiu dos oceanos, nascido do elixir da imortalidade; dos elefantes senhoriais Eu sou Airãvata, e entre os homens Eu sou o monarca.

Das armas Eu sou o raio; entre as vacas Eu sou a surabhi, que dá leite em abundância. Dos procriadores Eu sou Kandarpa, o deus do amor , e das serpentes Eu sou Vãsuki, a principal.

Das cobras celestiais Nãga, Eu sou Ananta; das deidades aquáticas Eu sou Varuna. Dos ancestrais falecidos eu sou Aryamã, e entre os dispensadores da lei Eu sou Yama, o senhor da morte.

Entre os demônios Daitya Eu sou o devoto Prahlãda; entre os subjugadores Eu sou o tempo; entre os animais selvagens , Eu sou o Leão, e entre as aves Eu sou garuda, carregador emplumado de Visnu.

Dos purificadores Eu sou o vento; dos manejadores de armas Eu sou Rãma; dos peixes Eu sou o tubarão, e dos rios que fluem Eu sou o Ganges.

De todas as criações Eu sou o começo e o fim e também o meio, ó Arjuna.

De todas as ciências Eu sou a ciência espiritual do Eu, e entre os lógicos Eu sou a verdade conclusiva.

Das letras Eu sou a letra A, e entre os compostos Eu sou a palavra dual. Eu sou também o tempo inesgotável, e dos criadores Eu sou Brahman, cujos muitos rostos viram-se para todos os lados.

Eu sou a morte que tu devora , e Eu sou o gerador de todas as coisas ainda por existir. Eu sou as mulheres, Eu sou a forma, a fortuna, a fala, a memória, a inteligência, a fidelidade e a paciência.

Dos hinos Eu sou o Brhat-sãma cantado para o Senhor Indra , e da poesia Eu sou o verso Gãyatri, cantado diariamente pelos brãhmanas. Dos meses Eu sou novembro e desembro, e das estações eu sou a primavera florida.

Eu sou também o jogo de azar dos enganadores, e do esplêndido Eu sou o esplendor. Eu sou a vitória. Eu sou a aventura e Eu sou a força dos fortes.

Dos descendentes de Vrsni Eu sou Vãsudeva, e dos Pãndavas eu sou Arjuna. Dos sábios Eu sou Vyãsa,e entre os grandes pensadores Eu sou Usanã.

Entre as punições, Eu sou o açoite do castigo , e dentre aqueles que buscam a vitória, eu sou a moralidade. Das coisas secretas eu sou o silêncio, e dos sábios Eu sou a sabedoria.

Além disso, ó Arjuna, Eu sou a semente geradora de todas as exitências. Não há um ser - móvel ou imóvel - que possa existir sem mim.

Ó poderoso conquistador dos inimigos, não há fim para Minha manifestações divinas. O que Eu falei para você é apenas um pequeno indício de Minhas opulências infinitas.

Saiba que todas as criações belas , gloriosas e esplendosas brotam tão somente de uma centelha do Meu esplendor.

Mas qual é a necessidade , Arjuna , de todo este conhecimento detalhado? Com só um fragmento Meu Eu penetro e suporto este universo inteiro.

(Assim terminam os Significados de Bhaktivedanta correspondentes ao Décimo capítulo do Srimad-Bhagavad-Gita sobre o tema: A Opulência do Absoluto. No Capítulo décimo primeiro , Arjuna inicia dizendo:)

(Cap.11 - Texto 1): Eu ouvi Suas instruções sobre os temas espirituais confidenciais que você tao bondosamente me transmitiu, e agora minha ilusão se dissipou.



Conexão do texto com a letra de Raul e Paulo Coelho:

1) O texto acima foi retirado do livro O Bhagavad-Gita Como Ele É de autoria de Sua Divina Graça A.C.Bhaktivedanta Swami Prabhupada (Livro que contém o texto original em sânscrito, a transliteração latina, os equivalentes em português, aqui apresentados, a tradução e significados elaborados).

2) A Música Gita foi lançado no LP de mesmo nome em 1974. Raul Seixas relançou a mesma música em inglês 14 anos depois. Chamou-a I Am (Eu Sou) e acrescentou alguns versos significativos como Eu sou a Lei de Thelema e Eu sou o poder da Vontade do Livro da Lei de Crowley. Assim , mais uma vez ele juntou o  Bhagavad-Gita ao contemporâneo Livro da Lei.

3) Certa vez ouvimos um psicólogo dizer que Raul Seixas tinha pirado por causa dos vários aspectos patológicos de sua personalidades, inclusive uma exacerbada megalomania. Essa megalomania estaria muito evidente no quando Raul utiliza a primeira pessoa em suas músicas ( Eu sou isso, Eu sou Aquilo, Eu sou Eu, etc... , inclusive a própria música Gita ele chamo I Am - Eu sou em inglês).

O psicólogo estava enganado. Realmente, se nós verificarmos só os títulos das músicas de Raul, poderemos encontrar Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, Eu Quero Mesmo, Eu sou Egoísta , Eu Também Vou Reclamar , Eu vou Botar Pra Ferver, etc... Mas , segundo declarações do próprio Raul, ele utilizava essa forma para que as pessoa que cantam as músicas falassem na primeira pessoa.

Numa cultura como a nossa que busca massacrar a individualidade em favor da massa , do rebanho, é muito mais importante que a pessoa aprenda a dizer Eu sou Eu, Eu Faço , Eu sou Capaz. Principalmente cantando , que é uma forma de se tornar feliz, de buscar a felicidade e auto-realização, auto-afirmação. Esta foi a intenção de Raul Seixas, que antes de tudo era um artista-filósofo.